O dilema do transporte público 

Focar no transporte público é uma questão urgente nesse momento, e irá fazer a diferença no futuro do país e na saúde das próximas gerações. Se há uma palavra que ficou fortalecida nesse período de pandemia, ela é “coletividade”. Ter um olhar coletivo e solidário, que contemple o bem-estar da maioria, deixando para trás o individualismo – que no campo da mobilidade urbana se traduz na imensa frota de carros que transportam uma só pessoa –, é fundamental para que a gente viva melhor nos dias que estão por vir.

Com o confinamento e a paralisação das atividades econômicas e de educação, por causa da Covid-19, o sistema de transporte coletivo está sendo obrigado a se reinventar. Somente a ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos) sofreu um déficit de R$ 933 milhões, segundo balanço divulgado em abril.

“Os operadores metroferroviários vêm buscando, de todas as formas, manter os seus atuais níveis de operação. Mas com a imensa queda na demanda, algumas empresas já sentem uma enorme dificuldade para cumprir suas obrigações, estando próximas da necessidade de paralisação. Precisamos de um olhar urgente para o setor de transporte público sobre trilhos, visando a operação plena do serviço”, destacou Joubert Flores, presidente do conselho da ANPTrilhos, Joubert Flores. Segundo ele, foram apresentadas várias medidas ao Governo Federal para garantir a operação dos sistemas em todo o Brasil.

A crise da Covid-19 escancarou muitas das nossas deficiências sociais e econômicas. Foto: Estadão.

Outras associações de transporte público, como a ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), propuseram ao governo um projeto emergencial para esse momento crítico, mas que ainda não foi aprovado. Trata-se do “Programa Transporte Social”, que propõe a compra antecipada de créditos de passagens (bilhetes eletrônicos) pelo Governo Federal para distribuir aos beneficiários dos seus programas sociais ou para os profissionais que estão trabalhando ativamente nesse período. Essa medida, caso entre em vigor, permitirá a manutenção do emprego de milhares de trabalhadores do transporte.

São questões como essas que estão em jogo no momento. A crise da Covid-19 escancarou muitas das nossas deficiências sociais e econômicas e colocou em risco a continuidade de manter um transporte coletivo de qualidade. Precisamos também acolher as necessidades do público, suprindo com excelência as demandas diárias da população e, inclusive, estimulando novos grupos de pessoas a usar o transporte coletivo, que só traz vantagens. Ele evita a poluição do carro individual (e que leva, em São Paulo, em média apenas uma pessoa por veículo) e faz as pessoas descobrirem uma forma muito mais democrática, empática, sustentável e saudável de viver e se movimentar.

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Artigo assinado pelo Pro Coletivo, blog parceiro de conteúdo, especializado em assuntos da multimodalidade.

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