“Há 10 mil modos de pertencer à vida e de lutar pela sua época.” Esta é a frase contundente de Nise da Silveira, no final do belíssimo filme que mostra como a sua visão humanista transformou a vida dos pacientes esquizofrênicos do Complexo Psiquiátrico do Engenho de Dentro, nos anos de 1944, no Rio de Janeiro.
Numa época em que a lobotomia e o eletrochoque eram considerados inovações científicas nos tratamentos de psicóticos, a responsável pelo Setor de Terapia Ocupacional decidiu usar a escuta, a sensibilidade e o respeito àquelas pessoas, denominadas por ela de clientes, e através das artes revelou talentos inimagináveis daquele lugar, até então insalubre, mau-cheiroso e sem qualquer dignidade.
Reconhecido formalmente por Jung, o trabalho terapêutico desenvolvido pela Dra. Nise foi um marco para as lutas antimanicomiais, que muito contribuiu para uma visão multidisciplinar da atenção psiquiátrica, ressiginificando a conduta e o papel dos diversos profissionais de saúde nos processos de atenção aos pacientes.
Não por acaso empresto um ensinamento de Nelson Mandela que se alinha à figura de Nise da Silveira: “O que conta na vida não é o mero fato de que vivemos. A diferença que fizemos para a vida dos outros é o que vai determinar o significado da vida que levamos.”
Nesse mundo em que estamos conectados o tempo todo, o que você está fazendo na sua existência para melhorar a vida dos outros? Por aqui, fico. Até a próxima.
Serviço
Título: Nise – O coração da loucura.
País: Brasil.
Direção: Roberto Berliner.
Elenco: Glória Pires, Simone Mazzer, Julio Adrião.
Gênero: Drama.
Duração: 106 minutos.
Classificação: 16 anos.
Trailer aqui
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Leno F.Silva é diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.