A imagem, exposta na Rua Girassol, 185, foi feita pela família Schurmann, que há 35 anos navega pelos mares do mundo, e expõe bem o dimensão do problema que o plástico se tornou para o planeta.
“West Fayu é um local desabitado, não há ninguém nem nas proximidades”, disse Vilfredo Schurmann que, acompanhado da esposa, Heloisa, e do filho David, participou da mesa “Voz dos Oceanos”.
A presença do plástico no atol é fruto de um descaso mundial. Entre o lixo encontrado pelos Schurmann, havia recipientes e embalagens vindos de pelo menos 15 países.
Vilfredo, Heloisa e David, que se preparam para mais uma expedição pelas águas do mundo, estão empenhados em mostrar o que os oceanos estão querendo “dizer” diante de tanta poluição.
Com apoio da iniciativa Mares Limpos, da Organização das Nações Unidas (ONU), eles partem, em dezembro, pela costa brasileira e pelos mares do mundo para registrar, durante 18 meses, o que está acontecendo com os oceanos.
“Não queremos só mostrar problemas, nossa ideia é que, juntos com povos de todos os lugares do planeta, de diferentes culturas, possamos encontrar soluções capazes de reverter a situação dos oceanos”, disse David.
O lixo no mar é tanto que cientistas já detectaram, segundo Heloisa, microplásticos em plânctons e em várias espécies de peixes, afetando também os humanos.
E mais: o lixo nos oceanos já está gerando problemas diplomáticos sérios, observou Heloisa. “No Caribe, entre Honduras e Guatemala, há uma enorme região tomada por lixo, que se acumula ali por conta das correntes”, explica.
A maior parte dos detritos chega a mar depois de ser descartado nos rios. “Queremos dar voz aos oceanos e contar o que estamos vendo. Temos de achar soluções na indústria, fazer parcerias, transformar hábitos”, disse David.
Paulina Chamorro, jornalista ambiental e mediadora da mesa, observou que existem leis no Brasil, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que precisam ser reforçadas e aplicadas.
Segundo Valfrido, as indústrias brasileiras precisam se adaptar ao novo cenário, encontrar alternativas ao plástico com urgência. Isso porque, este ano, lembrou, o Parlamento Europeu aprovou uma lei para banir de toda a União Europeia uma série de produtos plásticos, a vigorar a partir de 2021.
Em um barco que, além de ambientalmente sustentável é também uma plataforma de pesquisa, a família Schurmann espera, com essa próxima missão, retribuir aos oceanos o tanto que eles lhes têm proporcionado ao longo desses 35 anos navegando.
“Vimos coisas lindas, conhecemos culturas maravilhosas, fizemos amigos em todo o mundo graças aos mares. Agora é hora de dar voz a eles, para que as pessoas tenham consciência do problema que estão enfrentando”, disse Heloisa.
Frase: “Temos de achar alternativas para o plástico na indústria e em novos padrões de consumo.”David Schurmann.
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Por Maria Lígia Pagenotto para a Mostra SP de Fotografia.