A complexidade de um bom retrato consiste em imortalizar a essência do sujeito em uma simbiose entre o fotógrafo, a câmera e o retratado.
“É um processo como se apaixonar. Você precisa ser aceito no mundo do sujeito que está sendo fotografado, de dentro para fora e não de fora para dentro. Meus retratos têm uma dimensão social, mas são muito mais profundos sobre uma base emocional e espiritual”, comenta Jeffries.
Ele prefere usar uma objetiva 24 mm para seus retratos, com uma câmera Nikon D810 ou uma Canon 5D. Mas Jeffries não é fotógrafo profissional. É contador. Dedica seu tempo livre à fotografia e usa suas férias para viajar para Miami, Los Angeles, Londres, Paris ou Las Vegas para escutar e fotografar os sem-teto.
Os retratos de Jeffries não mostram apenas rostos marcados pela dureza das ruas, mas também nos desnudam suas almas – almas que poderíamos ver bem sem a necessidade de suas fotos; bastaria pararmos e olharmos em seus olhos.
A primeira foto
Tudo começou em 2008, quando Jeffries estava em Londres para correr uma maratona. No dia anterior à corrida, Jeffries passeava pela capital britânica quando cruzou com uma menina sem-teto, enrolada entre mantas. Lee montou a lente 70-200 mm em sua 5D e tentou fazer uma foto. “Ela me viu e começou a gritar, chamando a atenção dos transeuntes”, conta. “Eu poderia ter ido embora, mas me aproximei para pedir desculpas”. Lee atravessou a rua e se sentou a seu lado. Seu jovem rosto marcado pelo vício por drogas teve um profundo impacto nele. “Ela ‘me abriu os olhos’, foi o catalizador e a razão para eu começar a me dedicar a eles”, diz Jeffries, recordando seu início. “Na vida nos encontramos com pessoas pelo caminho, através do amor, inconscientemente, pegamos partes delas, e para o bem ou para o mal elas fazem parte de quem somos”, conclui.
Nas redes sociais
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Do caderno de Cultura do El País.