Oslo, capital da Noruega, quer se tornar a cidade com zero emissões de carbono até 2030

Muita coisa pode acontecer em 10 anos, mas as ações para a mudança precisam acontecer agora. E, quando o assunto é sustentabilidade, não se trata apenas de proteger nossas florestas, nossa fauna e nossos oceanos. As grandes cidades também possuem um importante papel nessa questão: para termos um futuro mais sustentável, as emissões de carbono do planeta precisam diminuir.

E já existem cidades ao redor do mundo fazendo planos e tomando decisões direcionadas para esse futuro. Oslo, capital da Noruega, é o exemplo que trazemos hoje. A ideia é que, até 2030, Oslo tenha reduzido as emissões de gases de efeito estufa em 95% (em comparação com 2009) – um índice que, segundo a gestão pública, é o necessário para que a cidade cumpra as metas climáticas mundiais.

Entre 2017 e 2018, centenas de vagas para carros, localizadas no centro da cidade, foram convertidas em ciclovias e parklets com bancos e jardins. Como resultado dessa mudança, até 2019, a cidade viu o tráfego de automóveis cair 28%. Hoje, durante a hora do rush no centro da cidade, é possível ver mais pessoas caminhando, pedalando e usando o transporte público, ao invés de estarem paradas no trânsito.

De fato, não podemos negar que Oslo já possui uma série da vantagens por ser uma cidade da Noruega. O país, que constantemente é listado como um dos países mais felizes do mundo, já funciona a partir de energia renovável. Mas, ainda assim, é preciso fazer mudanças radicais em várias áreas para que Oslo alcance seu objetivo – que foi divulgado recentemente em sua nova estratégia climática.

O transporte é responsável por metade das emissões de carbono da cidade e uma parte dessa nova estratégia consiste em incentivar a caminhada, o uso de bicicletas e o uso do transporte público, ao invés do uso do carro. Uma das soluções para isso é a inserção de um pedágio na entrada da cidade, que irá fazer com que a cidade tenha mais dinheiro para investir em novos projetos. Segundo Hilde Solli, consultora sênior da agência climática de Oslo, a ideia é fazer com que transitar pela cidade usando o transporte público seja mais “atrativo” e mais barato, financiando parte dessas ações com dinheiro público e também através da arrecadação do pedágio.

Conforme o tráfego de carros diminui, também é mais seguro caminhar e pedalar por Oslo: a cidade não teve mortes de pedestres ou ciclistas em 2019. Trazendo esse exemplo para o Brasil, a cidade de Sorocaba (que fica no interior de São Paulo e possui aproximadamente o mesmo número de habitantes que Oslo) registrou 94 mortes em acidentes de trânsito, no mesmo ano – segundo informações do Infosiga SP.

Uma parte significativa dos ônibus urbanos de Oslo funciona com eletricidade. Todos os transportes públicos em Oslo deverão estar livres de emissões em 2028. Foto: Oda Hveem.

Atualmente, Oslo possui dezenas de ônibus elétricos e essa mudança também está sendo implementada nas balsas. O objetivo é fazer com que, até 2028, todo o transporte público da cidade opere com zero emissão de gases de efeito estufa.

Até 2030, todos os carros que quiserem transitar por Oslo deverão ser elétricos. Hoje, quase um quarto dos carros que entram na cidade são elétricos e 60% dos carros vendidos na região também, com vendas impulsionadas por políticas como isenção nacional de impostos e tarifas de estacionamento mais baratas dentro de Oslo. No Porto de Oslo – que agora pretende ser o primeiro porto do mundo com emissões zero – os navios poderão se conectar e funcionar a partir de eletricidade enquanto permanecem na costa.

Além do importante papel da inovação na área de transportes, a construção também é um ponto de atenção. Oslo está trabalhando com a indústria da construção civil com foco na mudança de equipamentos a diesel para elétricos.

Segundo Hilde Solli, projetos de construções municipais representam 20% do mercado da construção civil de Oslo. Agora, a cidade possui critérios de licitação para todos os projetos municipais, que priorizam o uso de equipamentos de construção com emissão zero. Para Hilde, dar esse tipo de incentivo a cerca de 20% do mercado contribuirá com a mudança nos outros 80%. Oslo também fazendo parcerias com outras cidades para gerar demanda por novos equipamentos de construção com emissão zero.

Escavadeiras elétricas serão atrações constantes em breve nos canteiros de obras em Oslo. Foto: Rikke Dahl Monsen.

Agora, as construções deverão ser mais eficientes e funcionar a partir de energia local, com a instalação de painéis solares nos telhados e terraços, gerando aquecimento a partir de fontes como o sistema de esgoto local e melhor gerenciamento do lixo.

Além de tomar decisões a respeito das emissões de carbono feitas dentro de Oslo, também é importante lidar com as emissões existentes na cadeia de produção dos produtos que chegam até a cidade. Quando a gestão pública de Oslo adquire produtos de fora, a pegada de carbono desses itens é levada em conta. E, agora, os cidadãos também estão sendo educados a respeito do consumo consciente – a cidade, inclusive, tem medidas que facilitam e incentivam o compartilhamento, a reutilização e reparos.

Já com relação à natureza, entre os planos da cidade está a proteção aos pântanos e florestas que cercam Oslo e garantir a capacidade da natureza de armazenar CO2. Medidas para fazer com que a cidade seja mais resistente aos efeitos das mudanças climáticas também já estão sendo implementadas, como telhados e espaços verdes, que podem ajudar na absorção da chuva nas tempestades torrenciais – que estão se tornando mais comuns na região.

Apesar de saber que todo esse trabalho – que envolve principalmente a conscientização de um grande grupo de pessoas – não é fácil, apesar de saber muito bem disso, Hilde Solli se mostra determinada.

Oslo é a capital VE do mundo. 57 por cento de todos os carros particulares novos comprados em Oslo no ano passado eram elétricos. Fotografia: Oda Hveem.

“O maior desafio é que essa é uma grande mudança e ainda não temos todas as respostas para como atingir nossos objetivos”, ela diz. “Portanto, trabalhamos continuamente em conjunto com outras partes interessadas para desenvolver nossas políticas e medidas. É também um desafio que não só requer desenvolvimento de tecnologia, mas também mudanças sociais abrangentes.”

E, diante do exemplo de Oslo, gestores públicos e cidadãos do mundo todo precisam se perguntar: o que estamos fazendo agora – seja em nossa comunidade, em nossa cidade ou em nosso país – irá gerar resultados positivos ou negativos nos próximos 10 anos? 2030 está mais próximo do que podemos imaginar.

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Fontes: InovaSocial e KlimaOslo (inglês).

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