‘Pocket Parks‘: uma alternativa para aumentar a quantidade de espaços abertos de uso público

Contanto, alguns movimentos vêm surgindo espontaneamente na tentativa de aplicar simples ações que possam colaborar para o desenvolvimento de “novos” espaços públicos em resposta ao movimento de ocupação urbana e necessidades imediatas em que as cidades brasileiras vêm passando.

Tais ações têm apontado que as cidades do futuro serão cada vez mais convidativas, num manifesto de aproximação do pedestre à rua e à Cidade, revelando a desfragmentação à ideia do abrigo, onde os indivíduos buscam permanecer dentro de seus lares em virtude da segurança e promoção á atuação individual ou em menor escala.

Nesse sentido, no novo momento social, o espaço público assume o papel de conexão entre as pessoas e a ideia de coletivo, de forma que dinâmicas privadas em incentivo à coletividade vêm ganhando destaque, como por exemplo, a implantação de parklets, o fechamento de algumas avenidas e impedimento da circulação de veículos por algumas horas, abrindo-as ao pedestre e transformando as mesmas em áreas livres públicas com a criação de “parques urbanos” temporários, a implantação e extensão de novas ciclovias, e também de jardins verticais.

Ainda podemos dizer que pensar na cidade do futuro também é pensar quem irá habitá-la, visto que a instância urbana tem se transformado cada vez mais e é preciso torna-la mais plural e pensada à diversidade de meios e conexões urbanas.

Nesse contexto, talvez seja peculiar pensarmos que as novas práticas e manifestações, lideradas por coletivos e algumas incentivadas por órgãos públicos e privados, trazem um conceito muito engajado ao de “Do it yourself” e coletivos independentes têm conduzidos meios que agem como conectores do espaço ao pedestre e da desterritorialização do conceito de área livre sob novas maneiras de ver a Cidade.

Dentro desse cenário, os Pocket Parks são possivelmente, novos e alternativos espaços às cidades brasileiras.

O conceito estabelece a noção de um novo modelo de espaço livre: um miniparque, compacto e implantado em lotes urbanos inutilizados, sem uso pré-estabelecido, terrenos baldios ou mesmo, sobra de terrenos.

O modelo surgiu há mais de quarenta anos na cidade de Nova York, por Thomas Hoving, que decidiu implantar áreas livres públicas compactas.
Crianças brincando em parque na Rua Mulberry em Nova York em julho de 1968. Foto: Daniel McPartlin / Parks Photo Archive

Normalmente, se instalam em lotes conformados por edifícios e construções em seu entorno, próximos a grandes avenidas ou vias de fácil acesso e constante fluxo, com frente aberta e que permita visão ampla do mesmo, convidando o pedestre intuitivamente a adentrar o espaço. O mesmo é entendido diferentemente de uma praça, pois apresenta dimensões inferiores, livre de metragens fixas.

No espaço, se preveem que haja elementos vegetais e árvores para áreas sombreadas, diferentes pisos, como por exemplo, áreas secas, vegetais e se possível, molhada. Também se prevê que o Pocket Park proporcione um conjunto de mobiliários urbanos para diferentes funções (sentar, apoiar, descansar) como bancos, mesas e cadeiras móveis, para que o usuário consiga dispô-las da maneira que melhor desejar.

Pensando nas leis e parcelamento do solo, as áreas permeáveis e previstas ainda poderão ser transformadas nos miniparques.

O modelo, se replicado e mantido em manutenção poderá assim como os Parklets, criar novos espaços de lazer e ainda, aproximar o pedestre à Cidade, pela apropriação e situação de permanência.

Projeto de Pocket Park. Imagem: Cortesia Zoom Arquitetura.

Na cidade de São Paulo, temos três casos: Praça da Amauri, Pracinha Oscar Freire e Pocket Park Moema.

O primeiro Pocket Park implantado no Brasil foi a Praça da Amauri, projetada em 2002 pelo arquiteto Isay Weinfeld e nasceu da proposta do arquiteto ao empresário que tinha como ideia inicial a criação de um novo restaurante no terreno em questão.

O empresário João Paulo Diniz, dono de um império gastronômico, responsável pela maior parte dos restaurantes na Rua Amauri, próxima á Avenida Brigadeiro faria Lima, um dos importantes eixos da Cidade, gostaria de construir um novo ponto gastronômico, contudo, Weinfeld propôs que o terreno com cerca de 210 metros quadrados em rua de uso misto, fosse doado à cidade, e que apesar de privado, o público que passa constantemente pela rua poderia adentrar o espaço e se apropriar do mesmo, como espaço de permanência.

Pocket park da Rua Amauri na zona sul de São Paulo. Foto: UFF Paisagismo.O Pocket Park ainda conta com fios d’água que correm pelas paredes laterais, pisos secos e molhados e ainda, árvores gerando áreas sombreadas.

Já na Pracinha Oscar Freire, projetada pelo escritório Zoom Urbanismo Arquitetura e Design, também nasceu de ideia privada para ocupar o terreno sem uso, podendo abrigar shows, food trucks e ainda oficinas destinadas ao público que diariamente passa pela rua.

A mesma ainda conta com rampa, prevendo acessibilidade, deck com mobiliário e também rede wi-fi, transformando-se em área de estudo e trabalho em espaço livre, além de bicicletário como incentivo ao uso de bicicletas pelos usuários.

Pocket Park Moema. Foto: Trip Advisor.

O conceito de idealização simples ainda aparece tímido no território nacional, contanto, assim como o boom provocado pelos Parklets, o mesmo pode vir a acontecer em terras nacionais, onde já conseguimos prever e mapear ações que têm cada vez mais se apropriados de alguns pontos específicos do país. Na cidade de São Paulo, em especial, pontos da região central tem ganhado destaque na concentração pública dos pedestres e em movimento espontâneo, pela implantação de meios artísticos, culturais e gastronômicos, como é o caso da Alameda Rio Claro, que faz conexão entre a Avenida Paulista e Rua São Carlos do Pinhal no tecido urbano paulistano.

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Por Matheus Pereira no Arch Daily.

 

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