Na publicação, o Conselho defende que as construções “guardam características de um modo de habitar próprio do bairro de Pinheiros”, têm “valor simbólico, afetivo” para a população local, e “valor urbanístico e paisagístico” para a cidade.
A capital paulista tem atualmente 372 mil imóveis tombados. Nos últimos três anos, 850 foram tombados pelo órgão.
Dona de um café no bairro, a presidente da Associação de Moradores e Amigos dos Predinhos de Pinheiros foi uma das incentivadoras do processo de tombamento.
“É um passo na conservação de um ambiente urbanístico que a gente acredita que traz muita saúde para os moradores”, defende.
Os imóveis, situados no quadrilátero formado pela Avenida Teodoro Sampaio, Rua Arthur de Azevedo, Rua Pedroso de Moraes e Rua Mourato Coelho, foram construídos pelo imigrante libanês Raduan Dabus. A área pertencia à Sociedade Hípica Paulista.
Mesmo depois de tantos anos, a arquitetura daquela época continua preservada. Os comerciantes do bairro sabem que o tombamento pode travar o crescimento dos negócios, mas acreditam que preservar o patrimônio é prioridade.
Para o presidente da Comissão de Direito Urbanístico da OAB, o tombamento deve ser muito bem analisado para não travar o desenvolvimento da cidade.
“Daí vai a importância de se ter critérios para estabelecer o que deve e o que não deve ser tombado”, afirma Marcelo Manhães.
O jornalista Ricardo Lombardi cresceu no bairro e há quatro anos trocou as redações pelos livros. É dono de um sebo que fica na garagem do prédio que de sua mãe. Para ele, preservar a região é uma maneira de mostrar para as novas gerações como era a cidade nos anos 50.
“Todo mundo que passa aqui pela primeira vez diz: Nossa! Isso aqui parece a cidade da minha vó no interior. Então, parece que a pessoa entra num portal que para a gente é muito valioso.”
O tombamento é uma ação administrativa que pode ser solicitada por qualquer cidadão, pessoa física ou jurídica, ou pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DHP). O pedido é avaliado e submetido ao Conpresp.
Um bem tombado pode ser restaurado, mas não destruído. A medida é aplicada a bens móveis e imóveis de interesse cultural ou ambiental de interesse para a preservação da memória coletiva.
Quem não pedir autorização ao Conpresp para construir ou fazer reformas nessa região pode ser multado.
Predinhos da Hípica – Pinheiros (zona oeste)
Reúne edifícios de baixa estatura construídos na década de 50 pelo imigrante libanês Raduan Dabus no quadrilátero formado pelas Ruas Teodoro Sampaio e Arthur de Azevedo, Avenida Pedroso de Moraes e Rua Mourato Coelho. Os imóveis foram criados sobre o antigo terreno da Sociedade Hípica Paulista. Status: em bom estado de conservação e sede de diversos pequenos comércios da região.
Leia também: A história de Raduan Dabus, o criador dos ‘Predinhos da Hípica‘, em Pinheiros
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Fonte: G1 / São Paulo.