O prefeito trabalhista Sadiq Khan anunciou que algumas das mais importantes vias da cidade passarão a ter nos próximos meses uma velocidade máxima de 20 milhas por hora — 32 km/h. Hoje, os carros podem transitar na maior parte dessas avenidas e ruas a 50 km/h — ou mais, em alguns casos.
“Nossos planos arrojados e de longo prazo anunciados hoje (dia 24) são uns dos mais ambiciosos do mundo e partem do princípio de que nenhuma morte ou ferimentos graves nas ruas de Londres devem ser tratados como aceitáveis ou inevitáveis”, disse o Prefeito.
Os radares instalados pela prefeitura vão ser recalibrados. A polícia vai aumentar as operações para multar e educar os infratores sobre a importância da vida.
No total, mais de 200 quilômetros de ruas serão afetados — o que vai ajudar a reduzir significamente o número de acidentes de trânsito.
Apenas neste ano, mais de 20 pessoas já foram mortas em atropelamentos em Londres.
Em 2017, nada menos do que 69 pedestres e ciclistas perderam a vida em acidentes de trânsito na cidade. Uma taxa absurdamente alta e inaceitável para as autoridades londrinas.
Para efeitos de comparação, 132 pessoas morreram em São Paulo apenas nos quatro primeiros meses de 2018.
Caso a média continue, quase 400 pessoas serão mortas por atropelamentos nas ruas da maior cidade do Brasil. Um número muito mais escandaloso do que em Londres.
O prefeito londrino afirmou, coerentemente, que a cidade não precisa e não pode aceitar o elevado número de mortes nas ruas só para acomodar os interesses de motoristas interessados em correr nas vias locais.
E ele tem muita razão, embora essa seja uma discussão em várias cidades — inclusive nas maiores metrópoles brasileiras.
A intenção das autoridades londrinas é controlar o trânsito e a velocidade nas vias para que até 2030 nenhuma pessoa seja morta em atropelamentos na capital britânica.
Isso passa necessariamente pela redução na velocidade permitida aos carros — e não a decisões políticas ou eleitorais.
Segundo estudos das universidades britânicas, carros que atingem pessoas a 30 milhas por hora matam cinco vezes mais pessoas do que automóveis a 20 milhas.
Isso já demonstra claramente a necessidade de se controlar de maneira mais efetiva a velocidade dos carros nas nossas cidades.
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Américo Martins. Jornalista escreve sobre a vida em Londres, onde mora pela terceira vez – num total de 15 anos. Artigo publicado origalmente em seu blog na Folha de S.Paulo.