Projeto dá aulas de Meditação Transcedental a crianças da comunidade do Real Parque, em SP

Minha irmã Adriana Lacombe França sempre foi, entre nós quatro, a mais responsável e inteligente. Depois de entrar em física na USP e Administração na FGV, e de levar ambas por algum tempo, decidiu ir morar sozinha, se formou, ganhou bastante dinheiro, teve três filhos lindos e igualmente geniais e cansou do mercado financeiro. Há dez anos ela dá aulas em uma escola de apoio extracurricular à uma comunidade do Real Parque, O Visconde que é um centro de apoio à criança e ao adolescente mantido há 20 anos pela SARP – Sociedade Amigos do Bairro do Real Parque –, uma organização não governamental e sem fins lucrativos.

Adriana começou com aulas de inglês com foco no aumento do vocabulário das crianças, mas em alguns anos teve que interromper a atividade. Depois de passar algum tempo sem dar aulas, voltou e entendeu que com uma turma desigual em idade o aprendizado ficava comprometido e a aula confusa. São, no total, 130 crianças entre 6 e 15 anos, e com turmas desiguais em idade, uns aprendiam mais rapidamente do que outros e o relacionamento entre eles nem sempre era cordial: minha irmã perdia muito tempo para manter os ânimos calmos.
 
Aula de Meditação Transcedental para crianças da comunidade do Real Parque. Imagem: Reprodução/ Youtube.
 
Na mesma época Adriana buscava ajuda para o medo que sentia de viajar de avião, e um amigo recomendou a meditação transcendental explicando que era o melhor presente que alguém podia se dar na vida.
 
Ela fez o curso, mas de cara nada muito impactante aconteceu, embora tenha começado a se sentir mais calma e em paz. Durante o curso, Adriana assistiu um filme que se passava em alguma escola nos Estados Unidos ou na Inglaterra, e nela os alunos diziam como a meditação tinha mudado para melhor a concetração deles, e como isso teve impacto nas notas e na vida. Ela ficou encatada e apresentou a ideia ao O Visconde.
 
Bateu um papo com a presidente Paula Boralli, que na mesma hora topou. Adriana então levou uma professora de meditação transcendental ao Visconde, Flávia Miranda, para que ela explicasse técnica e benefícios. Paula se animou e ela mesma se inscreveu num curso. Não demorou para que os professores de MT (Meditação Transcedental) começassem a treinar as crianças de O Visconde. Concomitantemente, uma das monitoras foi treinada para oferecer técnicas de ioga às crianças. Então, há dois anos as crianças do Visconde praticam meditação e ioga.
 
Adriana segue dando as aulas de inglês, mas começa todas as aulas com uma meditação. Suas turmas hoje são formadas por crianças entre 8 e 10 anos, mas a turma dos menores ainda não pratica a meditação porque chegou depois que a técnica foi introduzida, e Adriana diz que é visível a diferença entre as turmas. “Parece que a velocidade de aprendizado fica turbinada quando eles meditam”, minha irmã conta. “Outro dia, logo que eles entraram na sala, perguntei uma coisa que havia ensinado na aula anterior. Ninguém lembrava a resposta. Aí tive a ideia de propor que eles meditassem e no final veríamos se tinham lembrado. A Giovana, uma das minhas primeiras alunas depois do meu retorno ao Visconde, lembrou e aproveitou para me contar que era destaque na escola dela. Eu perguntei o que era isso e ela disse que é uma espécie de título que dão pra quem só tem notas boas”.
 
Minha irmã ficou emocionada com o depoimento e antes de ir para casa foi falar com a Glenir, uma das monitoras de O Visconde, porque tinha a impressão de que Giovana era uma de suas alunas mais difíceis quando ela voltou ao Visconde: emburrada e pouco amistosa. “Minha aluna Giovana não parecia nem um pouco aquela outra Giovana. Será que minha memória estava boa?”, Adriana se questionou. E foi tirar a prova com a Glenir, que confirmou sua suspeita: era a mesma Giovana.
 
Adriana diz que alguns dos alunos reclamam quando começa a meditação antes da aula, mas ao longo da prática ela nota que eles se acomodam e aproveitam bem o tempo, a ponto de quando chega a hora de parar eles também reclamam. Quanto ao medo de avião, ele também melhorou bastante. Adriana ainda não é apaixonada por viagens de avião, mas há muito aposentou o Rivotril e o Stilnox. “Eu acho que a MT é uma ferramenta fantástica de mudança de comportamento. Meu objetivo hoje é que retomemos o treinamento da MT pra todas as crianças. A minha turma de pequenos vai se beneficiar enormemente disso”, diz minha irmã mais responsável e inteligente.

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Milly Lacombe na Revista TPM.

 

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