Retrospectiva do fotógrafo Walter Firmo no IMS Paulista, exalta a população e a cultura negra do país

Do Instituto Moreira Salles.

A partir de 30 de abril (sábado), a sede de São Paulo do Instituto Moreira Salles apresenta a exposição Walter Firmo: no verbo do silêncio a síntese do grito. Com entrada gratuita, a retrospectiva traça um panorama da obra do fotógrafo carioca, marcada, sobretudo, pelas imagens que retratam e exaltam a população e a cultura negra do país. No dia da abertura (30/4), às 11h, haverá um debate presencial com Firmo e os curadores da exposição no cineteatro do IMS Paulista (veja mais informações no serviço abaixo).

Cantora Clementina de Jesus, Rio de Janeiro, RJ, c. 1977.
Foto: Walter Firmo/Acervo IMS.

A seleção ocupa dois andares do centro cultural e reúne cerca de 266 fotografias, produzidas desde a década de 1950, no início da carreira do artista, até 2021. A mostra traz imagens de diversas regiões do Brasil, com registros de ritos, festas populares e cenas cotidianas. O conjunto destaca a poética do artista, associada à experimentação e à criação de imagens muitas vezes encenadas e dirigidas. Grande parte das obras exibidas provém do acervo do fotógrafo, que se encontra sob a guarda do IMS desde 2018 em regime de comodato.

“Quando fotografo estou tomando um tonificante de vida, de energia”. Foto: IMS.

Nascido em 1937 no bairro do Irajá, no Rio de Janeiro, e criado no subúrbio carioca, filho único de paraenses — seu pai, de família negra e ribeirinha do baixo Amazonas; sua mãe, de família branca portuguesa, nascida em Belém –, Firmo começou a fotografar cedo, após ganhar uma câmera de seu pai. Em 1955, então com 18 anos, passou a integrar a equipe do jornal Última Hora, após estudar na Associação Brasileira de Arte Fotográfica (Abaf), no Rio. Mais tarde, trabalharia no Jornal do Brasil e, em seguida, na revista Realidade, como um dos primeiros fotógrafos da revista. Em 1967, já trabalhando na revista Manchete, foi correspondente, durante cerca de seis meses, da Editora Bloch em Nova York.

Neste período no exterior, o artista teve contato com o movimento Black is Beautiful e as discussões em torno dos direitos civis, que marcariam todo seu trabalho posterior. De volta ao Brasil, trabalhou em outros veículos da imprensa e começou a fotografar para a indústria fonográfica. Iniciou ainda sua pesquisa sobre as festas populares, sagradas e profanas, em todo o território brasileiro, em direção a uma produção cada vez mais autoral.

“Vendedor de sonhos” na Praia da Piatã, Salvador, BA, déc. 1980. Crédito: Walter Firmo/ Acervo IMS.


A mostra apresenta sua obra fotográfica a partir de sete núcleos temáticos. No primeiro, o público encontra cerca de 20 imagens em cores de grande formato, produzidas pelo fotógrafo ao longo de toda sua carreira. Há fotos feitas em Salvador (BA), como o registro de uma jovem noiva na favela de Alagados, de 2002; em Cachoeira (BA), como o retrato da Mãe Filhinha (1904-2014), que fez parte da Irmandade da Boa Morte durante 70 anos; e em Conceição da Barra (ES), onde o fotógrafo retratou o quilombola Gaudêncio da Conceição (1928-2020), integrante da Comunidade do Angelim e do grupo Ticumbi, dança de raízes africanas; entre outras.

Gaudêncio da Conceição durante Festa de São Benedito, Conceição da Barra, ES, c. 1989. Foto: Walter Firmo/Acervo IMS.

Como destaque, a exposição apresenta ainda retratos de músicos produzidos por Firmo, principalmente a partir da década de 1970. Nas imagens, que ilustram inúmeras capas de discos, estão nomes como Dona Ivone Lara, Cartola, Clementina de Jesus, Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Martinho da Vila, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Djavan e Chico Buarque.

Nesse conjunto, está ainda a famosa série de fotografias de Pixinguinha. Em 1967, Firmo acompanhou o jornalista Muniz Sodré em uma pauta na casa do compositor. Após o término da conversa, o fotógrafo pegou uma cadeira de balanço que ficava na sala da residência e a colocou no quintal, ao lado de uma mangueira. Propôs a Pixinguinha que se sentasse nela com o saxofone no colo, no que foi prontamente atendido. Composta a cena, registrou o músico a partir de diversos ângulos, numa série de imagens que se tornaram icônicas.

Maestro Pixinguinha (Alfredo da Rocha Vianna Filho), Rio de Janeiro, RJ, 1967.
Crédito: Walter Firmo / Acervo IMS.

Em cartaz até setembro, a exposição contará com uma série de atividades paralelas, que serão divulgadas posteriormente no site do IMS. Ao longo do período expositivo, o público poderá conhecer em profundidade a obra de um dos grandes fotógrafos do país, que até hoje, aos 84 anos, mantém seu compromisso pelo fazer artístico, como afirma em suas próprias palavras: “Aí está o meu relato, a história de uma vida dedicada ao fazer fotográfico, dias encantados, anos dourados. Qual a minha melhor imagem? Certamente aquela que em vida ainda poderei fazer. Emoções, demais.”

Serviço

Walter Firmo: no verbo do silêncio a síntese do grito.
Abertura: 30 de abril.
Visitação: até 11 de setembro.
IIMS Paulista – Avenida Paulista, 2424 – São Paulo.
Tel.: 11 2842-9120.
Entrada gratuita, mediante apresentação de comprovante físico ou digital de vacinação contra covid-19 e documento oficial com foto para todos com mais de 5 anos.

Debate com Walter Firmo, Janaina Damasceno Gomes e Sergio Burgi

30 de abril (sábado), às 11h.
Cineteatro do IMS Paulista.
Entrada gratuita. Lugares limitados.
Distribuição de senhas 1 hora antes do evento, com limite de 1 senha por pessoa.

Horário de funcionamento: Terça a domingo e feriados (exceto segundas), das 10h às 20h.
Ressaltamos que os horários podem sofrer alterações devido à pandemia. Indicamos que sempre consultem o site.

***
Com informações do IMS.

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