Serviços de manutenção feito por mulheres ganha espaço e se espalha pelo País

Uma das primeiras ações do tipo começou em agosto de 2015 em São Paulo. A então cineasta Ana Luísa Correard, de 29 anos, decidiu oferecer bicos de serviços de manutenção após desconforto com um funcionário que fez reparos na sua casa. “Estava sozinha e ele perguntava onde estavam meus amigos, que horas voltariam. Fui reclamar no Facebook e várias amigas falaram que passavam pelo mesmo problema.”

Para ajudar as amigas, ela se ofereceu para fazer serviços. O bico durou dois dias. E a publicação sobre o assunto repercutiu na internet, alcançando mil compartilhamentos. Em 15 dias, ela largou o emprego. Criou a empresa Mana Manutenção e já acumulou 2,5 mil clientes, com uma equipe de oito mulheres.

A habilidade com serviços de manutenção Ana Luísa aprendeu com o avô. Hoje suas clientes são mulheres jovens “que querem incentivar outras mulheres a trabalharem em qualquer área que seja”, segundo ela. “Essas mulheres têm filho novo, moram sozinhas e, normalmente, optam por uma prestadora de serviço mulher pela segurança que isso traz.”

Com o crescimento da empresa, Ana Luísa e a sócia começaram a compartilhar na internet vídeos e cursos básicos de elétrica, hidráulica, pintura e manutenção. Em janeiro, vão lançar um aplicativo.

A celebrante de casamentos Bárbara Nascimento, de 32 anos, já contratou um serviço semelhante: o Manas à Obra, também de São Paulo. “Quando descobri que tinham mulheres fazendo, fui atrás”, conta ela, cujo marido viaja muito. “Não confio em ficar sozinha com outros homens em casa.”

A coach Patrícia Andrade, de 53 anos, pensou na família ao pedir o socorro feminino. “São pessoas com quem íamos conviver o tempo todo por 50 dias. Precisa ser um serviço com carinho, paciente”, diz ela, que mora com o filho de 17 anos. Após a reforma da fiação elétrica, ficou impressionada com a “limpeza” da equipe comparada a outras experiências do tipo.

PublicidadSegundo a dona do Manas à Obra, Priscila Vaiciunas, a clientela não é só feminina. “Quando é um homem que me procura e não conheço, tenho de ‘stalkear’ (pesquisar sobre ele na internet) o cara para ver se não tem nenhum tipo de problema”, explica ela, de 32 anos.

A demanda masculina, diz, geralmente é de quem estuda muito e não domina pequenos reparos. “Tem também os casados que ficam com receio de por homem estranho porque têm mulher ou filho em casa.”

Brasil afora

Em Salvador, a museóloga May Barros se inspirou no modelo já iniciado em São Paulo para criar a empresa Entre Minas. Os serviços mais pedidos são instalar prateleira, consertar descarga, trocar torneira e resistência de chuveiro. Em dois anos, ela atendeu mais de 500 pessoas e hoje trabalha com outras duas moças – em 2018 a equipe deve crescer.

No Rio de Janeiro, o público da empresa Ela Repara é, na maioria, de mulheres que moram sozinhas. A proprietária e mecânica Isis Pioneli, de 27 anos, conta que grande parte tem renda mais alta e vive com certa independência. A iniciativa foi criada há pouco mais de um ano, após uma experiência ruim de Ísis no emprego. “Tive de ouvir: ‘você não vai dar conta do trabalho igual aos outros homens dão.’”

Hoje, ela acredita que mesmo as mulheres ainda veem esse tipo de empresa com certa desconfiança. “Ainda acham que não vamos conseguir ou que não sabemos fazer”, afirma Isis, cuja irmã é formada em Eletrotécnica e a mãe, em Edificações. 

***

Por Juliana Diógenes em O Estado de S. Paulo.

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