Localizado no centro de São Paulo, na região mais bem servida de serviços públicos da cidade, o Sesc 24 de Maio condensa em um objeto arquitetônico uma série de problemáticas que dizem respeito à escala urbana. A começar pelo fato de ser um projeto de reuso, que transforma e incorpora a estrutura de uma antiga loja de departamentos abandonada há décadas, a Mesbla, em um equipamento urbano de escala metropolitana.
Seu térreo, espaço efetivamente público, é um atalho coberto que conecta as ruas 24 de Maio e Dom José de Barros. A estratégia não é inédita, e recupera a lembrança das famosas galerias (do Rock, do Reggae, Califórnia) do centro da capital paulista, cujos térreos frequentáveis agem como atravessamentos no tecido urbano.
Comprimindo verticalmente uma série de programas e usos diversos – de restaurante a consultório odontológico, de biblioteca a uma piscina na cobertura – o projeto conecta estes diferentes eventos sociais por meio de um elemento muito celebrado na arquitetura paulistana: a rampa. Em um movimento contínuo, o visitante sobe e desce os pavimentos experienciando situações distintas, tal como o passeio de quem caminha na rua.
Seguramente um dos mais bem sucedidos projetos da arquitetura brasileira da última década, o Sesc 24 de Maio se insere em uma estratégia requalificação dos espaços do centro – movimento hoje visto nas grandes cidades de todo o mundo – e vem, desde sua abertura, atraindo pessoas de outras regiões de São Paulo. Premiado como melhor Arquitetura Pública do ano, tem mais uma vez legitimado seu reconhecimento internacional.
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Por Romullo Baratto no ArchDaily.