São Paulo ganha museu da imigração judaica

São Paulo vai ganhar seu primeiro Memorial da Imigração Judaica. Em endereço carregado de simbolismo: a mais antiga sinagoga paulista, a Kehilat Israel, de 1912, que fica na Rua da Graça, coração do Bom Retiro, região central da cidade. O museu será inaugurado na noite de terça e aberto ao público no dia seguinte. Vai funcionar de segunda a sexta, das 10h às 17h, com entrada grátis. 
 
Entre os cerca de 1 mil itens do acervo, estarão expostas preciosidades como o diário de viagem de Henrique Sam Mindlin, escrito em 1919, quando o garoto tinha apenas 11 anos, e o livro Diálogos de Amor, de 1580, escrito por Leon Yuda Abravanel de Veneza, antepassado de Senor Abravanel, o apresentador de TV e empresário Silvio Santos. 
 
“Vamos contar, de forma didática, a história da chegada dos judeus ao País. Lembrando que o Brasil sempre nos acolheu muito bem”, diz Breno Krasilchik, presidente do conselho do Memorial. Sua própria família está ligada umbilicalmente à histórica sinagoga. Seu bisavô, Yoine Krasilchik, chegou a São Paulo em 1908 e foi um dos fundadores da Kehilat Israel. Seu avô, Cezar, capitaneou uma grande reforma ocorrida ali nos anos 1950. O pai, Isaac, presidiu a sinagoga. E agora cabe a Breno a missão de inaugurar o Memorial.
 

É o primeiro memorial de São Paulo dedicado a contar a história da imigração judaica. Foto: Nilton Fukuda / Estadão.
 
 
Exposição.

O acervo do Memorial foi obtido por meio de doações – e, em alguns casos, empréstimos – da comunidade judaica. A obra de construção do museu também foi viabilizada graças a esse engajamento. “E é um mutirão que vai continuar, já que a tendência é que o acervo siga crescendo”, diz Breno.

 
Para bem mostrar os objetos sociais e religiosos típicos do Judaísmo, documentos, fotografias e mobiliário, uma empresa especializada em museus foi contratada para organizar a exposição. Totens multimídia ajudam a entender a história.
 
Em um dos espaços, que mostra os casamentos judeus, uma tela sensível ao toque instalada no chão tem a imagem de uma taça. Ao pisar no local, ela se quebra – simbolizando o ritual comum nos matrimônios judeus. Em outra sala, uma mesa posta ajuda a visualizar a culinária típica da comunidade judaica. O visitante pode apertar botões que acionam projeções sobre os pratos, de modo que eles pareçam cheios de comidas características.


Culinária tradicional judaica também é destaque. Foto: Nilton Fukuda / Estadão.
 
 
Fotos de famílias judaicas que ajudaram a construir São Paulo, do Bom Retiro para tantos outros bairros da cidade, foram colocadas nas paredes internas. O publicitário, jornalista e guia turístico aposentado Sergio Ferd, de 70 anos, aparece em três delas, ainda criança. Seu avô materno, Jacob Givertz, foi comerciante conhecido entre os judeus de São Paulo. Durante muito tempo teve um bar no Bom Retiro.
 
“Era um centro cultural do bairro. Ele vendia ingressos para apresentações de teatro iídiche, de companhias de Buenos Aires e Nova York que vinham em turnê a São Paulo”, conta Ferd. O bar acabou se transformando em bufê – o preferido dos bar mitzvah da época.

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Edison Veiga em seu Blog Paulistices em O Estado de S.Paulo.

 
 

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