O lançamento não ocorreu por acaso. No ano passado, houve forte pressão do movimento #ToyLikeMe (‘Brinquedo Como Eu’, em tradução livre), liderado pela jornalista e ativista britânica Rebecca Atkinson, pela inclusão de personagens com deficiência nos produtos fabricados pela indústria de brinquedos. Em petição no site Change.org, mais de 20 mil pessoas apoiaram a campanha.
“Estamos com lágrimas nos olhos agora”, escreveu Rebecca nas redes sociais, comemorando o lançamento da Lego na feira internacional de brinquedos realizada em Nuremberg, na Alemanha, em fevereiro último.
O mais curioso é que parece que a própria marca foi pega de surpresa pela repercussão do boneco em cadeira de rodas. O jovem personagem, acompanhado de um cão, que faz parte do kit “Fun in the Park” (‘Diversão no Parque’, em tradução livre), não era para ser um lançamento especial da Lego. Segundo artigo publicado por Rebecca Atkinson, no The Guardian, não havia fotos para a imprensa e a assessoria da companhia só soube informar que o produto estaria à venda nas lojas da Europa e Estados Unidos a partir de junho. De acordo com a BBC Brasil, em nosso país, a novidade chegará às prateleiras em novembro. A Lego afirma que já era possível montar personagens em cadeiras de rodas, mas deixava isso livre para a imaginação das crianças.
Para a ativista, apesar de sua pequena estatura, o personagem com capuz sobre a cadeira de rodas representa “uma mudança brutal na indústria de brinquedos”.
Estima-se que 150 milhões de crianças no mundo todo tenham algum tipo de deficiência. Infelizmente, elas não se vêem representadas nos brinquedos com que brincam. Isto é extremamente prejudicial para a autoestima destas crianças, que se sentem invisíveis perante a sociedade e os amigos.
Rebecca Atkinson cresceu usando aparelho auditivo. Mas nunca se viu representada no mundo em que vivia. Não há crianças surdas nas histórias em quadrinhos, bonecas ou comerciais de TV.
Quando se tornou mãe, a jornalista viu que a indústria de brinquedos continuava ignorando as crianças deficientes. Decidiu, então, se juntar a um grupo de mulheres, mães cujos filhos sofrem com algum tipo de deficiência, e criar o #ToyLikeMe.
O movimento, que tem como base uma página no Facebook – com 32 mil seguidores atualmente -, começou a divulgar imagens de brinquedos customizados (foto abaixo), tudo feito em casa. Bonecas com aparelhos auditivos e bengalas, princesas em cadeiras de rodas.
***
Texto de Suzana Camargo no Conexão Planeta.