Da Redação.
A realidade sempre foi propósito, foco e característica intrínseca dos documentários, cujos temas construíam obras informativas com a pretensão de verdades absoltas, por fatos, estatísticas, estudos e depoimentos, estes traduzidos à tela por uma narrativa mais clássica. Se antes o documentário era categorizado como gênero (o crítico de cinema Carlos Alberto Mattos sempre foi contra a essa definição), de um tempo para cá, ao nosso agora, então o documentário permitiu-se explorar novos caminhos, novas estéticas, novas sensações, novos subjetivismos, novas contradições às verdades, novas perguntas que buscam mais questionamentos que respostas, novos diálogos, novas escutas, mitigando-se ao máximo a ideia de totalidade condicionada de um micro ao macro.
O documentário comporta-se, nesta contemporaneidade, como um uma obra plural, ora neutra, ora pessoal, ora social, ora de luta política, ora sobre inclusive a metafísica do tempo e sua invisibilidade, e ora como um porquê de não uma se enquadrar em nada do que foi dito anteriormente. Alguém já disse que “algo limitado morre”. E o documentário está a cada dia mais vivo e podemos até afirmar que bem alimentado se analisarmos a nova edição 2023 do Festival É Tudo Verdade, que volta a acontecer plenamente de forma presencial entre 13 e 23 de abril, simultaneamente em seis salas em São Paulo e em três salas no Rio de Janeiro, com entrada franca.
O diretor fundador Amir Labaki disse que “ao lado da belíssima safra de filmes, o grande marco desta edição é o retorno pleno do festival às salas de cinema”.
“Festivais de cinema são atividades essencialmente presenciais, eventos coletivos de encontro entre realizadores e público, de descobertas e redescobertas, de emoções e reflexões públicas. Estávamos todos com saudades”, completou o fundador do evento.
O Festival É Tudo Verdade retorna presencialmente, em salas de cinemas, com horários determinados para assistir aos filmes. Os homenageados dessa 28º edição do Festival É Tudo Verdade são dois cineastas. Um deles é o pioneiro brasileiro Humberto Mauro com a exibição de dez de seus filmes e dois documentários em parceria com a Cinemateca com a curadoria de Sheila Schvarzman e Eduardo Morettin. O segundo, Jean-Luc Godard (falecido em 2022) com a apresentação dos oito episódios da série História(s) do Cinema (1987-1998), com apoio da embaixada da França no Brasil.
O Festival É Tudo Verdade 2023 ainda contará com uma sessão especial Sabesp exibindo o filme “Lixo Fora de Lugar”, do cineasta austríaco, Nikolaus Geyrhalter. Entre as atividades paralelas, destaca-se o Ciclo de Palestras O Arquivo no Documentário, que será realizado nos dias 17 e 18 de abril no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc (CPF Sesc). É preciso lembrar também que os vencedores de todas as categorias do festival estarão automaticamente classificados para apreciação à disputa pelo Oscar do ano que vem.
Serviço
28º É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários
Diretor-fundador: Amir Labaki
Site: http://etudoverdade.com.br/br/home/
São Paulo
Cine Marquise (Av. Paulista, 2073)
Cinemateca Brasileira (Largo Sen. Raul Cardoso, 207)
IMS Paulista (Avenida Paulista, 2.424)
Sesc 24 de Maio (Rua 24 de Maio, 109)
SPCine – Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1.000)
Rio de Janeiro
Estação NET Botafogo (R. Voluntários da Pátria, 88)
Estação NET Rio (R. Voluntários da Pátria, 35)
Todas as sessões são gratuitas.