Um zoom na felicidade das mulheres brasileiras

Mas o que influencia essa insatisfação das mulheres? Os cinco primeiros aspectos que impactam na felicidade das mulheres são, em ordem decrescente: renda ou ganho mensal, dívidas, trabalho ou profissão, stress e estética do seu corpo. Renda ou ganho mensal e dívidas são os dois primeiros aspectos e estão bem próximos de como os homens declaram sofrer impacto também. O que impressiona mais são os três últimos aspectos.

Vou mostrar o que encontramos sobre eles:

  • Trabalho ou profissão: 79% das mulheres declaram que esse item impacta na sua felicidade versus 72% dos homens. Elas gostariam de ter melhores salários ou benefícios (do total da amostra do estudo, as mulheres ganham 17% menos que os homens em funções similares), mais oportunidades de carreira e menos stress e horas adicionais no trabalho.
  • Stress: 79% das mulheres declararam que o stress atrapalha a felicidade. Para os homens, esse aspecto impacta 69% deles, ou seja, 10 pontos percentuais de diferença! Há algo muito importante a ressaltar aqui. A amostra que utilizamos para o estudo foi seguindo as cotas do IBGE ou representando a sociedade brasileira estatisticamente. Dito isso, temos o retrato da mulher brasileira que não só enfrenta o stress do trabalho e da dificuldade financeira, mas que tem dupla ou tripla jornada de trabalho, fora e dentro de casa e, com isso, carrega toda a carga de responsabilidades que a grande maioria dos homens não tem por aspectos culturais e/ou educacionais conhecidos na nossa sociedade.
  • Estética do corpo: sempre que vejo quanto este aspecto impacta na felicidade da mulher brasileira, me impressiono… 78% dizem que a estética com o próprio corpo é responsável pelo maior ou menor grau de felicidade, enquanto 61% dos homens dão importância para este aspecto.

Existem vários outros aspectos que impactam na felicidade das mulheres em nosso país (veja a tabela abaixo). No entanto, o contexto profissional é uma boa parcela do que talvez poderia ajudá-las a viver melhor. A minha leitura dos números é como se imaginássemos um círculo vicioso em que a grande maioria das mulheres não consegue sair por não ter a renda que precisam para pagar as dívidas, para viver com mais harmonia e menos stress e, ainda, cuidar da estética do corpo.

Será que um dia teremos um cenário diferente disso e o percentual de mulheres felizes no Brasil aumentará?

Penso que devemos considerar o que cada um de nós pode fazer a respeito. Se você é líder e gere uma equipe, é dono de uma empresa, tem contato com pessoas que tomam decisões corporativas, converse sobre estes dados, mostre o seu ponto de vista e construa para que outras pessoas tenham acesso a informação para diminuir a diferença de renda entre homens e mulheres. Além disso, vamos educar os nossos filhos, meninos e meninas, a se apoiarem mutuamente e ensiná-los que ambos podem fazer tudo, de tarefas domésticas a pós-graduação, de colaborar com as despesas da casa a colaborar com o cuidado dos filhos…e, assim, aos poucos, vamos educando adultos conscientes de que o bem estar e a felicidade podem ser melhorados com a ajuda do ambiente que vivemos.

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Patricia Serra é coach executiva e de equipes com certificação ACC pelo ICF e é co-autora do livro Felicidade Sustentável que originou do maior estudo sobre a felicidade dos brasileiros. 

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