Mas o segredo de família chegou ao fim quando as fotografias foram herdadas por seu neto, o pianista e professor Flávio Varani, que as doou – 137 imagens – para o Instituto Moreira Salles, em 1997.
Com sua câmara, Pastore, capturava tipos e costumes de um cotidiano ainda pacato de São Paulo, uma cidade que logo, com o desenvolvimento econômico, mudaria de perfil. Captava as transformações urbanas e humanas da cidade, que passava a ser a metrópole do café. Com seu olhar sensível, o bem sucedido imigrante italiano flagrava trabalhadores de rua como, por exemplo, feirantes, engraxates, vassoureiros e jornaleiros, além de conversas entre mulheres e brincadeiras de crianças. Pastore, ao retratar pessoas simples do povo, realizou, na época, um trabalho inédito na história da fotografia paulistana.
Registrou cenas de ruas de São Paulo com uma câmara de pequeno formato, produzindo imagens diferentes das realizadas, durante o século XIX, com câmeras de grande formato sobre tripés, tendo sido um dos pioneiros da nova linguagem da fotografia do século XX – “a linguagem do instantâneo produzida pelas emulsões fotográficas de maior sensibilidade à luz, que libertaram as câmeras fotográficas dos tripés e permitiram também a simultânea diminuição no tamanho dos aparelhos fotográficos, possível em função dos papéis fotográficos mais sensíveis que possibilitavam a ampliação dos negativos de menor formato em laboratório por meio do emprego de fontes de luz artificial”.
É o autor de uma panorama de São Paulo a partir do Largo de São Bento e também fotografou eventos e prédios da capital paulista. Em seu estúdio, dedicava-se, com sucesso, ao retrato. Produzia retratos mimosos, que tinham como padrão o recorte losangular, mas os tamanhos e os tipos de cartões variavam. Oferecia serviços variados como imagens em esmaltes para broches, autocromos, platinotipias e fotominiaturas. Fazia montagens com desenhos e retratos de múltipla exposição, revelando um traço de humor. Também contemplou temas bucólicos e produziu ensaios com temas religiosos, muitas vezes com o uso de composições alegóricas.
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Fonte: Brasiliana Fotográfica / Instituto Moreira Salles.