Maluf foi convidado a assumir o papel de Penteu de As Bacantes, o rei que, conforme Ésquilo, Eurípedes e Sófocles, ofendera os deuses. O político contracenou com Elke Maravilha no papel de Dionísio. Teve atuação irrepreensível, segundo Zé Celso.
Na atual encenação, o deus do teatro é interpretado por Marcelo Drummond, a repetir protagonismo da segunda versão da peça, em 1995, em cuja temporada carioca Caetano Veloso foi arrancado da plateia para ser despido e “estraçalhado” ritualmente pelas sacerdotisas de Baco, cena central também no atual espetáculo de cinco horas (com dois intervalos), com início no final da tarde e ingresso vedado a menores de 18.
Desta vez, mais que apóstata, o rei Penteu de Tebas será retratado como um golpista, por Fred Steffen. Entre os 108 nomes da ficha técnica encontram-se nomes já históricos na trajetória do teatro, como as cantoras Mariana Moraes e Letícia Coura (Hino e Autonoe), além de Sérgio Siviero (Kadmos e Satyro), Camila Mota (Semele, mãe de Dionísio), Vera Barreto Leite (Hera), Joana Medeiros (Agave) e Roderick Himeros (Pã).
O Sesc-SP e o Itaú Cultural dão apoio à recriação, que há 20 anos foi estreada pela segunda vez no anfiteatro grego do Sesc Ribeirão Preto. No Sesc Pompeia, porém, a arquitetura de Lina Bo Bardi endossa a montagem, antes de temporada no edifício do Oficina projetado no Bexiga pela italiana. Há um mês, o teatro foi eleito “o mais bonito teatro do mundo”, conforme a revista inglesa The Guardian.
Com Zé Celso no papel do profeta cego Tirésias, a montagem também comemora a vizinhança dos 80 anos do diretor, que ao fim de meses de ensaio tem repetido bordão do uruguaio José Mujica, segundo o qual “as metralhadoras são ineficazes para a revolução, hoje possível só culturalmente”.
Serviço
As Bacantes
Dias 21, 22 e 23 no Teatro Sesc Pompeia (SP).
Duração: 6 horas, incluindo 2 intervalos.
Venda limitada a 04 ingressos por pessoa.
O espetáculo não terá lugares marcados e serão vendidos na modalidade sequencial. Para pessoas com dificuldade de locomoção haverá reserva das primeiras fileiras do Teatro.
A partir de 28 no Teatro Oficina.
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Por Alvaro Machado em Carta Capital.