Com a divulgação do Produto Interno Bruto brasileiro de 2021, que alcançou R$ 8,7 trilhões, observou-se, nos últimos 20 anos, que a participação dos ativos administrados pelo Sistema de Consórcios cresceu quase 150%, saltando de 1,9% em 2002 para 4,7% no ano passado.
Os 4,7% de participação em 2021, resultado de R$ 412,0 bilhões sobre o PIB de R$ 8,7 trilhões, representaram um acréscimo de 20,5% sobre a participação de 3,9% do ano de 2020, ou seja, 0,8 pontos percentuais de acréscimo sobre o ano anterior.
“A relação desses indicadores merece algumas reflexões”, explica Luiz Antonio Barbagallo, economista da ABAC Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, “a começar pela sua concepção.”
O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais, produzidos no país durante um ano. “Note-se que a expressão “finais” é importante, pois indica que todas as vendas ou serviços realizados ao longo da cadeia produtiva até chegar ao consumidor final foram computadas, sem duplicação de contagem”, justifica Barbagallo.
No PIB, a palavra “Interno” corresponde a todas as ações comerciais realizadas em qualquer localidade do país. Portanto, trata-se de atividades desenvolvidas por empresas nacionais e multinacionais, independentemente da nacionalidade de origem do produtor. Por outro lado, o termo “Bruto” explica que não é levada em conta a depreciação no cálculo do PIB anual.
Vale ressaltar que nos R$ 8,7 trilhões computados no ano passado foram considerados os preços correntes, sem retirar quaisquer efeitos da inflação sobre os valores dos produtos e serviços.
“Contudo, isto não diminui a importância da participação dos ativos administrados pelo setor, pois eles também são calculados pelo valor atual do bem, ou seja, são corrigidos e estão nas mesmas bases de preços, preservando-se a relação”, complementa o economista.
A formação dos ativos administrados no Sistema é a soma dos valores devidos pelos consorciados mais os valores recebidos que estão disponíveis para a aquisição de bens. Trata-se de valores que se transformarão em produtos e serviços.
“É preciso frisar que até chegar ao fim do ciclo produtivo e o bem ser vendido ao consumidor final, há todo um valor agregado ao longo da cadeia”, diz Barbagallo.
“O Sistema de Consórcios, ao facilitar a aquisição de bens e contratação de serviços, impacta indiretamente toda essa cadeia, desde a matéria-prima utilizada para a fabricação do produto, pelo custo de mão de obra e outros beneficiamentos, tecnologia agregada, eventuais pesquisas sobre novos produtos e assim por diante”, comenta Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC. “Dos R$ 412,0 bilhões em ativos administrados, R$ 103 bilhões já estão nos grupos de consórcios à disposição para aquisição de bens ou serviços.”, esclarece.
Na análise da evolução dos últimos 20 anos, verifica-se crescimento constante do indicador. Desde 2002, quando a relação dos ativos administrados sobre o PIB era de 1,9% (R$ 29 bilhões sobre R$ 1,5 bilhão), houve crescimento de 147,4% até 2021.
Prestando sua importante contribuição como autofinanciamento para a aquisição de bens e contratação de serviços, o Sistema tem ampla participação em vários setores econômicos.
Enquanto no agronegócio há facilidades para a renovação ou ampliação de máquinas e equipamentos, o mesmo ocorre nos transportes, com o segmento de veículos pesados, incluindo caminhões e implementos rodoviários. A situação se repete nos veículos leves e nas motocicletas, tanto para o consumo familiar como para o profissional. Paralelamente, facilita ainda a aquisição de eletroeletrônicos, eletrodomésticos e equipamentos de escritório, como computadores. No setor de serviços, por exemplo, onde há uma ampla diversificação de aplicações, a modalidade está presente principalmente nas áreas de saúde, educação ou mesmo nas pequenas reformas. No mercado imobiliário o segmento propicia a aquisição de todo tipo de imóvel.
Além dos bens já tradicionais, há outras linhas nos quais é possível a utilização do consórcio. São as placas para geração de energia elétrica pela luz solar (placas fotovoltaicas), material genético, aeronaves, embarcações, maquinários diversos, serviços variados, entre outros.
“Por tudo isso, entendemos que, cada vez mais, o Sistema de Consórcios deva ampliar a sua já expressiva participação na economia nacional, contribuindo para o crescimento do país”, finaliza Rossi.