Da Redação.
Artacho Jurado (1907-1983) amava a ópera e os charutos. Embalado por esse gênero musical e pelo tabaco, ele seguia madrugada adentro, em seu apartamento no Edifício Piauí – o primeiro que ergueu no bairro de Higienópolis, em São Paulo, com ampla vista para a cidade –, criando as plantas dos prédios que logo construiria. Na contramão dos traços racionalistas da arquitetura moderna, Artacho se tornou uma espécie de aquarelista da cidade, com projetos que destacavam elementos ornamentais e decorativos, cores vibrantes e espaços de convivência que perduram até hoje.
É este espírito que, de 20 de junho a 15 de setembro, a Ocupação Artacho Jurado, apresenta ao público no espaço Multiuso – segundo piso do Itaú Cultural. Cerca de 130 peças, entre imagens, fotografias, vídeos, desenhos originais, publicidade de época, uma maquete e o acervo pessoal da família Jurado – além de recursos acessíveis – permitem ao público conhecer a fundo a vida e obra deste empreendedor, que ajudou a desenhar a paisagem urbana. Ele via no mercado imobiliário da época possibilidades muito além da sobriedade e racionalidade geométrica que guiava outros arquitetos do período.
A curadoria desta Ocupação é do antropólogo, curador, pesquisador e roteirista documental Guilherme Giufrida, ao lado da curadora, arquiteta e pesquisadora Jéssica Varrichio e da equipe do Itaú Cultural formada pelos núcleos de Artes Visuais e de Informação e Difusão Digital, o qual abriga a Enciclopédia da instituição. A expografia de Juliana Godoy.
“Procuramos revelar a pragmática construtiva de Artacho”, explica Giufrida. “Seguimos menos pelo raciocínio das ideias ou do teórico, já que a arquitetura dele foi pouco considerada em termos acadêmicos, para olhar para os aspectos construtivos dos materiais formais que é aquilo em que ele mais se debruçava”, completa.
O arquiteto autodidata desenhava à mão os cobogós, gradis de guarda-corpos, a paleta de cores de cada edifício, as marquises das coberturas, as amplas janelas pouco usuais no período. “Ele foi como um aquarelista de São Paulo”, observa Jéssica.
A ocupação
A entrada da Ocupação embala o público com o som das óperas favoritas de Artacho e a vista de alguns de seus apartamentos, proporcionando um diálogo com o arquiteto ao experienciar a paisagem urbana.
Nascido no bairro do Brás, em São Paulo, em 1907, filho de imigrantes espanhóis, ele começou a sua carreira como letrista de cartazes, estandartes, feiras e exposições, na década de 1920. Depois, passou a desenhar estandes para feiras industriais. Acabou se estabelecendo como organizador de grandes eventos, como as exposições Centenário da cidade de Santos e Bicentenário de Campinas.
Fotos da época de neons, luminosos publicitários – que ele desenhava e produzia – e dos estandes que criava para as feiras com novidades da indústria ilustram a exposição.
A riqueza da proposta construtiva de Artacho também se evidencia nos estudos que realizou para os seus diversos projetos – inclusive aqueles que nunca saíram do papel, como o Edifício Marajoara. O conjunto de documentos inéditos apresentados nessa mostra permite conhecer as diferentes etapas de um projeto arquitetônico: estudos de volumetria, esboços de ambientes internos, hall, salões, fachadas e terraços, além das perspectivas coloridas utilizadas para apresentar e vender os empreendimentos aos futuros moradores.
Serviço
Ocupação Artacho Jurado
Visitação: 20 de junho até 15 de setembro.
Sala Multiuso – 2º piso.
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, próximo à estação Brigadeiro do metrô.
Visitação:
Terça-feira a sábado, das 11h às 20h; domingos e feriados, das 11h às 19h.
Entrada gratuita.
Mais informações:
Tel. (11) 2168.1777; wpp (11) 9 6383 1663
E-mail: atendimento@itaucultural.org.br
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Com informações da Conteúdo Comunicação.