“Precisamos nos engajar com as cidades porque é nelas onde cada vez mais pessoas vivem, comem e trabalham e onde precisamos implementar localmente compromissos globais”, afirmou o chefe da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, durante evento de divulgação do documento, em Roma.
Pelo menos 55% da população mundial vive, atualmente, em áreas urbanas – uma proporção que deve aumentar para pelo menos 65% até 2050. Quase 80% de todos os alimentos produzidos no mundo são consumidos em cidades.
Na avaliação da agência da ONU, a urbanização está criando desafios sem precedentes para garantir que todos tenham acesso a comida, mantendo uma alimentação balanceada e preservando os recursos naturais e a biodiversidade do planeta.
Incorporar a comida e a alimentação nutritiva como componentes chaves do planejamento urbano é fundamental para alcançar o desenvolvimento sustentável, incluindo o Fome Zero e dietas saudáveis para todos, acrescentou Graziano.
O chefe do organismo internacional observou ainda que as áreas urbanas são também o ambiente onde as leis e regulamentos são produzidos.
“É aí que a regulação dos sistemas alimentares é definida e é por isso que a FAO está trabalhando com as cidades cada vez mais”, disse o dirigente.
“Em vez de considerar a urbanização e a transformação rural como processos separados, devemos aproveitar esta oportunidade para romper a divisão rural-urbana.”
Presente na cerimônia, a prefeita de Túnis, capital da Tunísia, Souad Abderrahim, defendeu que “é muito importante ouvir de perto e identificar as necessidades dos cidadãos e transformá-las em projetos concretos”.
“Também precisamos conscientizar sobre a importância de uma nova cultura alimentar e nutricional, que também reduza as desigualdades, especialmente entre as crianças”, enfatizou a chefe do Executivo municipal.
Anna Scavuzzo, vice-prefeita de Milão, lembrou que iniciativas sobre alimentação têm impacto em toda a sociedade e também no meio ambiente.
“O pensamento e a formulação de políticas sobre sistemas alimentares são consistentemente reconhecidos como elementos centrais para a construção de ações climáticas inclusivas, desenvolvimento urbano, redução da pobreza e economia circular. Lidar com comida significa lidar com tudo isso”, explicou a dirigente.
Anna é responsável pelo Pacto pela Política de Alimentação de Milão, elaborado com o objetivo de promover sistemas alimentares urbanos mais sustentáveis e combater o desperdício de alimentos.
A publicação da FAO Marco para a Agenda Urbana de Alimentos da FAO: Uma abordagem holística para garantir o desenvolvimento sustentável aborda como é possível fortalecer sistemas alimentares gerando empregos, consolidando cadeias de valor locais e reduzindo perdas de comida.
O estudo traz orientações sobre como a FAO pode ajudar governos a promover políticas públicas para a área, por meio de leis, regulamentos, governança e capacitação institucional, sem ignorar as especificidades de cada contexto.
O documento também discute práticas como o encurtamento das cadeias de abastecimento, incluindo por meio do fornecimento público de alimentos, negócios inovadores, bioeconomia sustentável e promoção da alimentação saudável e com menor pegada ambiental.
A FAO está apoiando a criação do Centro Mundial de Alimentos Sustentáveis de Valência, na Espanha, destinado a promover sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis entre as cidades. O organismo será inaugurado em 1º de abril, com a presença da rainha Letizia da Espanha, que é embaixadora especial da FAO para a Nutrição.
Acesse a publicação online aqui.
***
Fonte: ONU Brasil.