O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand anuncia neste mês o lançamento do projeto MASP em expansão. O novo projeto almeja equiparar a estrutura física do museu à sua ambição institucional, transformando-o para as próximas gerações.
Trata-se do feito mais significativo na história do museu após a sua transferência da rua 7 de Abril, na sede dos Diários Associados, para a Avenida Paulista, em 1968. Naquela época, a mudança ocorreu para o que o museu tivesse uma sede à altura de sua coleção. O prédio projetado por Lina Bo Bardi (1914-1992), reconhecida pelo conjunto de sua obra com o Leão de Ouro Especial na Bienal de Veneza de 2021, transformou-se em cartão-postal da cidade e em símbolo da arquitetura moderna mundial do século 20.
Como forma de preservar e valorizar a história da instituição com o reconhecimento de seus fundadores, o prédio original receberá o nome de sua arquiteta, Lina Bo Bardi, e o novo edifício carregará o nome do primeiro diretor artístico do museu, Pietro Maria Bardi (1900-1999). Estes nomes, combinados com o da própria instituição, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, que faz referência ao seu fundador (1892-1968), irão completar a homenagem ao trio fundador do MASP.
“O MASP passa, assim, pelo maior processo de expansão física da sua história, feito com recursos próprios. Vamos aumentar em 66% a capacidade expositiva do museu, integrando os dois prédios e esse é um investimento muito relevante para a cultura de São Paulo. Acredito que essa expansão consolida o museu e a própria Avenida Paulista como um eixo cultural, quem sabe o mais importante eixo cultural do Brasil, do qual o MASP, sem dúvida, é a âncora”, diz Alfredo Setubal, presidente do Conselho do MASP.
A entrega
Com previsão de entrega para janeiro de 2024, o prédio Pietro irá contemplar 14 andares. Estes serão ocupados por cinco galerias expositivas e duas galerias multiuso, representando um aumento de 66% de área expositiva do MASP. O edifício também abrigará restaurante, bilheteria, loja, reserva técnica, salas de aula e laboratório de restauro. Ao final da reforma, a área total do MASP será de 17.680 m² (hoje, são 10.485 m²). Além de aumentar o espaço físico, a nova construção vai ampliar aquilo que o MASP é e já representa nacional e internacionalmente. Os ganhos serão múltiplos: a ampliação de acesso ao público, uma vez que será possível acolher um número significativamente maior de visitantes; uma nova e melhor estrutura para oferecer cursos e programas públicos (oficinas, palestras, seminários, formação de professores etc.); um ambiente maior e equipado com as últimas tecnologias para o restauro e preservação de obras icônicas, que, somadas às aquisições feitas ano a ano, contam histórias da arte cada vez mais diversas, inclusivas e plurais.
Mudanças
Por limitações físicas, pouco mais de 1% do acervo do museu é exposto atualmente. No total, o MASP possui mais de 11 mil obras entre pinturas, esculturas, objetos, fotografias, vídeos e vestuário de diversos períodos, que abrangem a produção europeia, africana, asiática e das Américas. Esse é mais um dos aspectos que será impactado positivamente com a inauguração.
“O acervo do MASP vem crescendo. Nosso plano é que o edifício Lina seja dedicado à exposição das obras que pertencem à coleção do museu, sobretudo nas áreas do subsolo. Já as novas galerias deverão ser ocupadas com exposições temporárias, todas com pé-direito alto e equipadas com sistema de climatização e iluminação de última geração”, conta Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP. “Atualmente, a programação do museu tem um cronograma apertado e esses espaços vão proporcionar um respiro maior no calendário e uma melhor organização na narrativa das exposições.”
O edifício Pietro permitirá ainda complementar e qualificar as instalações técnicas do museu, com a expansão de áreas como depósitos e docas, que hoje impõem limites concretos à gestão operacional. Uma parte essencial do projeto é a interligação subterrânea entre os dois edifícios, que será feita sob a rua Prof. Otavio Mendes – já autorizada pela Prefeitura de São Paulo, com publicação em decreto municipal. Outra transformação importante será a transferência da bilheteria para o prédio Pietro, liberando o vão livre e devolvendo a este espaço a sua utilização como praça pública, uso defendido por Lina Bo Bardi desde que idealizou a atual sede do MASP.
O edifício Pietro terá os pavimentos junto ao chão totalmente transparentes, em diálogo com o vão livre, e os andares superiores revestidos com chapas metálicas perfuradas e corrugadas, que irão permitir uma imagem monolítica sem inviabilizar as vistas da paisagem e a entrada de luz natural através de aberturas estrategicamente posicionadas, de acordo com as necessidades dos espaços internos.
O custo do projeto é da ordem de R$ 180 milhões e será totalmente financiado por doações de pessoas físicas – seguindo a característica que o MASP possui desde sua fundação de engajar a sociedade privada nos mais diversos projetos. “Viabilizar a construção desse prédio por meio de doações é o coroamento do novo modelo administrativo do MASP, uma instituição que tem seus pilares calcados na sociedade civil”, afirma Heitor Martins.
O projeto arquitetônico é uma coautoria de Júlio Neves com o escritório METRO Arquitetos Associados, dos sócios Martin Corullon e Gustavo Cedroni.O empreendimento buscará soluções sustentáveis de modo a diminuir a pegada de carbono.
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Com informações do MASP.