Prefeitura de São Paulo anuncia a desativação do Minhocão e a criação de um Parque suspenso

Localizado na área central da cidade, o Elevado João Goulart conecta a Avenida Radial Leste-Oeste (no Centro) à Avenida Francisco Matarazzo (Zona Oeste), passando pelos bairros República, Consolação, Santa Cecília e Barra Funda.

Segundo a gestão municipal, a ação será dividida em três etapas, com implantação de obras de acessibilidade, segurança e criação do parque linear.

O custo estimado é de R$ 38 milhões, e será bancado com recursos municipais.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e SP Urbanismo diz ter como meta, na primeira etapa, prevista para os meses de fevereiro e agosto deste ano, ajustar as questões estruturais, entre elas, a iluminação (pontos de conexão), o projeto viário e o transporte público.

A previsão é que a primeira etapa, com a instalação dos acessos, seja entregue até dezembro de 2019.

A segunda etapa, já com as obras para instalação do Parque, será iniciada no segundo semestre deste ano, com previsão de término até dezembro de 2020.

Plano Diretor

Implantação será dividida em etapas. Obras iniciais devem começar ainda em fevereiro. Imagem: Divulgação/Prefeitura de SP

A criação do Parque Minhocão é discutida desde a gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), que sancionou a criação da lei do parque em março de 2016.

O Plano Diretor, aprovado em 2014 pela gestão do petista, determina como a cidade deverá crescer nos próximos anos, previa a desativação do Minhocão.

Em fevereiro de 2018, a Lei que cria o Parque Municipal do Minhocão foi promulgada pelo então prefeito João Doria e publicada no Diário Oficial.

Desde a criação da lei do parque, o destino da via gera polêmicas. Há quem defenda a demolição total do viaduto, e quem defenda o fechamento total para o uso recreativo.

Etapas do primeiro trecho

Skatista aproveita o Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão no domingo. Foto: Nelson Antoine.

1ª. Etapa: obras de segurança e acessibilidade no trecho da saída da Ligação Leste-Oeste ao entroncamento com a Avenida São João.

  • instalação de acessos em nove pontos de todo o elevado, entre elevadores e escadas
  • implementar estruturas de proteção nas laterais para garantir a segurança dos frequentadores

A previsão é que até o final de 2019 essas obras estejam concluídas. As ações previstas na primeira fase foram recomendadas pelo Ministério Público.

Como ficará o acesso

A desativação foi prevista no Plano Diretor de 2016, na gestão de Fernando Haddad (PT). Imagem:Divulgação/Prefeitura de SP

Quem seguir no sentido dos bairros de Perdizes e Barra Funda poderá pegar o elevado por um acesso próximo à Rua Helvétia, na região dos Campos Elíseos. Até esse ponto, o motorista deverá seguir pela Avenida Amaral Gurgel.

No outro sentido, o caminho em direção à Zona Leste será interrompido na passagem para a Rua Sebastião Pereira, na Vila Buarque. A CET está realizando estudo para definição de outras intervenções viárias que se fizerem necessárias.

2ª. Etapa: implantação de 900 metros de parque entre a Praça Roosevelt e o Largo do Arouche.

  • 17.500 metros quadrados com jardins, além de floreiras e deques, dispostos em módulos pré-fabricados.

A Prefeitura de São Paulo ainda afirma que irá utilizar o conceito urbanístico e referências do arquiteto Jamie Lerner, com material modulado, efêmero, propostas de usos institucionais no baixo do viaduto e intervenções que permitem a integração dos espaços.

Primeiro trecho

A implantação do primeiro trecho do Parque Minhocão (900 metros) foi definida em razão de sua favorável conexão com outros espaços públicos de lazer – Praça Roosevelt, Parque Augusta, Largo do Arouche e Praça Marechal Deodoro.

O elevado é dotado de uma rede de equipamentos públicos icônicos, como as bibliotecas Mário de Andrade e Monteiro Lobato, o Estádio do Pacaembu, o Memorial da América Latina e a Santa Casa de Misericórdia, além das estações Marechal Deodoro e Santa Cecília do Metrô.

Histórico

Minhocão no início dos anos 70. Foto: São Paulo Antiga.

O destino do elevado João Goulart é objeto de discussão desde os anos 70, quando foram iniciadas as rotinas de interdição ao tráfego veicular no período noturno.

A consideração do impacto que o resultado dessa discussão teria sobre o cotidiano de grande número de munícipes fez com que o Plano Diretor Estratégico (PDE), aprovado em 2014, tratasse desse tema, prevendo uma lei específica deveria ser elaborada para determinar a gradual restrição ao transporte individual motorizado no Elevado Costa e Silva, definindo prazos até sua completa desativação como via de tráfego, ou transformação, seja parcial ou integral, em parque.

A determinação foi atendida com a aprovação da Lei Municipal nº 16.833, de 7 de fevereiro de 2018, que estabeleceu a desativação do elevado como via de circulação veicular, o estímulo à realização de atividades culturais e esportivas nos períodos de interdição ao tráfego e a obrigatoriedade de propor a transformação parcial ou total do elevado em parque por meio de um Projeto de Intervenção Urbana – PIU, a ser aprovado por Lei ou Decreto.

Vista noturna da Av. São João nos anos 1970, antes das obras do Minhocão. Foto: João José Basso.

Essa lei também autoriza o Executivo a realizar projetos pilotos para avaliação dos impactos, no curso do processo de desativação da estrutura.

O Projeto de Intervenção Urbana compreende um conjunto de estudos técnicos e de discussão pública de projetos na proposição de intervenções urbanas.

O Projeto Estratégico Elevado Presidente João Goulart e Entorno foi relacionado no escopo do PIU do Setor Central, proposto para os distritos centrais da Santa Cecília, República, Sé, Bom Retiro, Pari e Brás e que envolve o eixo viário formado pela Rua Amaral Gurgel, pela Av. São João e pela Av. General Olímpio da Silveira, onde se desenvolve o elevado.

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Fontes: G1 e PMSP.

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