Este é o princípio das “Cidades para Pessoas”, conceito criado pelo arquiteto e urbanista dinamarquês Jan Gehl, autor do livro “Cities for People” – obra na qual ele explica por que uma cidade em que as pessoas caminham é muito mais saudável, segura, sustentável e dinâmica do que aquela centrada nos carros. Para Ghel, o pedestre deve ser o elemento principal para o planejamento e desenvolvimento urbano.
Ele defende lugares que estimulam e facilitam o caminhar, com calçadas amplas e seguras, rotas de fácil acesso a pé e serviços próximos das pessoas. Centros nos quais a população pode se encontrar, compartilhar histórias e vivências, trabalhar, aprender, descansar e se divertir. De forma fácil, sem sofrimentos e congestionamentos. Com segurança, saúde e sustentabilidade. E que possa contar com eixos qualificados de transporte coletivo quando precisar ir mais longe.
Disponibilizar alternativas mais interessantes do que o carro não é apenas inteligente, mas também urgente, pois reduz a poluição do ar, hoje responsável por milhões de mortes no mundo todo. Encorajar as pessoas a caminhar diariamente para o trabalho ou a escola traz vida e saúde às ruas, e com elas a segurança urbana e o desenvolvimento econômico. Uma cidade onde as pessoas andam tranquilamente é muito mais segura e também próspera, pois favorece negócios e serviços diversos, transforma as ruas e o espaço urbano em lugar desejado, em espaço de convivência, cultura e lazer.
As Cidades para Pessoas valorizam o espaço público, a natureza, os equipamentos culturais e serviços em todas as regiões – e não apenas nas zonas centrais. São cidades amáveis, seguras e democráticas, atentas às necessidades das pessoas, feitas para que os habitantes se locomovam com facilidade, sejam felizes e tenham vidas saudáveis.
Utopia? Lá fora isso é uma realidade, especialmente em cidades onde Gehl já trabalhou e colocou suas ideias em prática. O urbanista foi o responsável por fazer de Copenhague, que até os anos 1960 era focada nos carros, uma referência em planejamento e mobilidade.
A capital da Dinamarca tem duas grandes prioridades: ser a melhor cidade do mundo para as pessoas, favorecendo a vida em comunidade, e se tornar a cidade mais ciclável do planeta também. “Se fizermos mais ruas, teremos mais carros e mais tráfego. Mas se proporcionarmos melhores condições para os pedestres, para os ciclistas e para a vida pública, o que acontece dez anos mais tarde? Você tem mais pedestres, mais ciclistas e mais vida nas ruas. Você tem mais saúde, ar menos poluído, gente mais feliz. É importante saber que estratégia cada cidade quer ter”, disse Gehl em uma de suas palestras, no seminário Fronteiras do Pensamento, quando também observou que o Brasil, nesse sentido, precisa urgentemente se renovar.
Quem não quer um lugar melhor para viver? O princípio da cidade ocupada, com gente nas ruas caminhando e pedalando, é também o da cidade segura e produtiva. Quem caminha estimula a economia local de seu bairro e comunidade. Com mais pessoas transitando a pé, o comércio local cresce, há geração de empregos e a renda per capita aumenta.
Pesquisas mostram que pedestres – e também ciclistas – tendem a entrar mais em estabelecimentos como cafés, restaurantes e lojas do que pessoas que estão em seus carros. O motivo é o acesso fácil, imediato e sem custo algum. Não é preciso pagar estacionamento ou ficar rodando em busca de uma vaga. É só entrar.
O número de metrópoles caminháveis e com alta qualidade de vida – como Copenhague, Amsterdã, Vancouver e Viena, entre outras – deve aumentar após essa crise sanitária que vivemos. As tendências mostram que haverá uma grande pressão por políticas públicas que contribuam para a saúde e o bem-estar das pessoas, reduzindo acidentes de trânsito e a emissão de poluentes dos veículos a combustão. Planejando e implementando uma urbanização amigável ao pedestrianismo, ao movimento, e consequentemente à saúde e à sustentabilidade. A economia agradecerá e os corações, também.
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A Tegra Incorporadora é parceira da iniciativa.
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Por Chantal Brissac da Redação.