As 129 mulheres que morreram para que ganhássemos flores no ‘Dia da Mulher’

O fogo na Triangle colocou a nu as péssimas condições de trabalho das costureiras e costureiros, em sua maioria mulheres e meninas imigrantes – russas, italianas, alemãs e húngaras–, que mal falavam o inglês. Havia até mesmo crianças de 12 anos de idade. Movidos pelo pânico com o fogo que se alastrava, os jovens tentaram escapar do edifício de qualquer maneira, mas as saídas de incêndio estavam trancadas por fora.

143 trabalhadores morreram, 14 homens e 129 mulheres. 49 não resistiram às queimaduras ou foram sufocados pela fumaça, 36 morreram no poço do elevador e 58 por pular do edifício. Dias depois, milhares de pessoas iriam acompanhar o funeral das vítimas ao longo da Quinta Avenida, em Nova York. Apesar dos indícios de que o incêndio fora criminoso, a Justiça absolveu os proprietários da fábrica.

 

O Incêndio da Triangle Shirtwais Factory, como passou à história, é tido como o mais mortal acidente de trabalho da história de Nova York e resultou em modificações nas leis trabalhistas norte-americanas. Embora a origem exata do Dia Internacional da Mulher seja controversa, a morte das trabalhadoras da fábrica é sempre lembrada como um dos eventos que o motivaram. As 129 mulheres e meninas se tornaram símbolo deste dia. Com o movimento socialista que já agitava a Europa no começo do século, março se fortaleceu como o mês da luta pela emancipação da mulher, com datas variáveis. Presume-se que acabou se tornando dia 8 porque um dos primeiros, em 1914, caiu num domingo.
Costureiras na Triangle Shirtwaist Factory. Imagem: Arquivo CBS.Cada vez que você der uma flor para uma mulher no Dia Internacional da Mulher, lembre-se das meninas e mulheres da Triangle e de como eram as condições de trabalho no mundo antes que o socialismo as expusesse e protestasse contra elas. Cada vez que você receber uma flor no Dia Internacional da Mulher, aspire seu aroma, lembre de quantas mulheres até hoje são vítimas da exploração no trabalho, do assédio moral e dos baixos salários e reflita que, enquanto ainda for preciso um dia da mulher, este continuará a ser um dia de luta.

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Cynara Meneses é jornalista com passagens pelo principais veículos da imprensa. Mantém e edita o blog Socialista Morena onde este texto foi publicado originalmente.

 

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