Da Redação.
Como a mudança climática traz ameaças crescentes de enchentes, as cidades precisam ser pensadas como esponjas gigantes que permitem que a água seja drenada com segurança, afirmam os pesquisadores.
O que são “Cidades esponja”?
O termo “Cidades-esponja” é usado para descrever áreas urbanas com abundância de áreas naturais, como árvores, lagos e parques, ou outros projetos de qualidade destinados a absorver a chuva e evitar inundações.
O interesse em aproveitar a natureza – ou usar “soluções baseadas na natureza” – para enfrentar os choques climáticos cresceu em popularidade nos últimos anos.
Cidades tão diversas quanto Xangai, Nova York e Cardiff estão adotando sua “esponjosidade” por meio de jardins no centro da cidade, melhor drenagem de rios e calçadas com bordas de plantas.
Por que as cidades esponjas são importantes?
Um número cada vez maior de áreas urbanas está sofrendo inundações devastadoras, pois a mudança climática traz chuvas mais intensas e um risco cada vez maior de inundações.
Um relatório recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) afirmou que 700 milhões de pessoas já vivem em áreas onde os extremos de chuva aumentaram, um número que deve crescer à medida que as temperaturas globais aumentam.
Em 2016, inundações repentinas em Nairóbi deixaram ruas submersas, árvores arrancadas e prédios amontoados, enquanto a tempestade tropical Elsa inundou Nova York em 2021. Em maio de 2024, a inundação do Guaíba, lago que cerca a capital Porto Alegre, atingiu a marca de 4,77 metros, superando a histórica enchente de 1941. Essas tempestades prejudicaram os meios de subsistência e mataram dezenas de pessoas.
Um benefício igual das “Cidades-esponja” é que elas podem reter mais água em rios, vegetação e solo em vez de perdê-la por evaporação, o que significa que são mais resistentes à seca.
As formas naturais de absorver a água urbana são cerca de 50% mais econômicas do que as soluções criadas pelo homem e são 28% mais eficazes, de acordo com pesquisas anteriores da empresa de design global Arup e do Fórum Econômico Mundial.
Como as cidades podem se tornar “Cidades Esponja”?
O caráter esponjoso de uma cidade não é imutável. A adição de mais parques, árvores, outras áreas verdes ou drenagem natural pode aumentar a capacidade de absorção de uma cidade e torná-la mais resistente a enchentes e secas.
Muitas cidades estão acrescentando espaços verdes para aumentar a esponjosidade e proporcionar outros benefícios, desde ar mais limpo até habitat para a vida selvagem e locais para escapar do calor do verão.
Como funciona na prática?
O conceito urbanístico da “Cidade Esponja” foi introduzido na China em 2012 pelo renomado urbanista Kongjian Yu, que recebeu o Prêmio Oberlander em 2023. Utilizando um conjunto de soluções previamente desenvolvidas, ele implementou um plano urbano que opera de forma integrada para garantir o funcionamento eficaz da cidade durante períodos de cheias.
Este conceito se baseia na observação de que as cidades atuais frequentemente lidam de forma inadequada com o manejo das águas pluviais. Atualmente, a prática comum é acelerar o ciclo da água, direcionando rapidamente a água da chuva para rios, lagos e mares após as precipitações.
No entanto, um problema significativo surge quando esses corpos d’água naturais atingem sua capacidade máxima e não conseguem mais absorver o excesso de água, resultando em enchentes que frequentemente retornam às áreas urbanas.
O conceito de “Cidade Esponja” propõe uma abordagem inversa, permitindo que a água da chuva seja absorvida e gerenciada onde naturalmente deveria permanecer. Na natureza, após uma precipitação intensa, formam-se naturalmente poças e reservatórios temporários que ao longo do tempo evaporam ou são absorvidos pelo solo.
No contexto urbano, devido à alta densidade populacional e à impermeabilização do solo, é crucial implementar soluções que coordenem esses espaços de maneira integrada, sem prejudicar uns aos outros. A “Cidade-esponja” adota quatro principais medidas para alcançar esse objetivo.
1. Parques alagáveis: Áreas verdes projetadas para reter e filtrar a água da chuva, permitindo sua absorção lenta pelo solo.
2. Telhados verdes: Coberturas de edifícios que são convertidas em jardins ou áreas vegetais, absorvendo água e reduzindo o escoamento superficial.
3. Pavimentação permeável: Superfícies pavimentadas com materiais que permitem a infiltração da água da chuva no solo, em vez de direcioná-la diretamente para os sistemas de drenagem.
4. Praças de piscinas: Espaços urbanos projetados para armazenar temporariamente a água da chuva, reduzindo o risco de enchentes e permitindo a infiltração gradual no solo ou sua reutilização para fins não potáveis.
Essas medidas não apenas ajudam a prevenir enchentes e sobrecarregar os sistemas de drenagem, mas também promovem a recarga dos aquíferos subterrâneos e contribuem para a melhoria da qualidade da água, além de proporcionar espaços públicos mais agradáveis e sustentáveis nas cidades.
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Da Redação.