A ideia do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, de fechar a Avenida Paulista aos finais de semana para a circulação exclusiva de pedestres, implantada em 2015, por incrível que pareça, não foi uma novidade para a história da cidade de São Paulo.
Uma obra engavetada nos anos 70, entretanto, poderia ter mudado a história dessa famosa via da metrópole. Com um projeto chamado de “Nova Paulista”, concebida em 1967 pelo engenheiro Figueiredo Ferraz e pelo arquiteto Nadir Mezerani, a ideia era fazer com que o trânsito de veículos fosse realizado por uma via subterrânea.
O prefeito da época, Faria Lima, acatou a ideia e começou a tirá-la do papel. As primeiras obras de ligação foram realizadas entre a Avenida Rebouças, Paulista, Doutor Arnaldo e a Rua da Consolação.
No ano de 1971, entretanto, foi inaugurado o trecho inicial do túnel. Localizado entre a Consolação e a Haddock Lobo, ele se tornou o exemplo factível do que poderia ter se tornado a Paulista em toda sua extensão. Curiosamente o espaço do canteiro central daquele local sempre foi chamado de Praça do Ciclista.
A obra continua, mas o prefeito é “demitido” do cargo
Logo após essa inauguração, Figueiredo Ferraz é eleito para a prefeitura da cidade de São Paulo. Sua obra é levada adiante pelos subterrâneos da Avenida Paulista e as escavações avançaram até a outra ponta, mais especificamente, na região da Paraíso.
O projeto passou a sofrer forte oposição por parte do governo militar que tomava conta do país. O prefeito Ferraz, então, começou a se indispor com a ditadura e, em 1973, o governador Laudo Natel o demitiu por carta e nomeou Miguel Colassuono como novo mandatário da cidade. Sua primeira atitude, obviamente, foi interromper a obra iniciada por Figueiredo Ferraz.
Colassuono alargou a Paulista e abandonou o túnel deixando, assim, a transformação da avenida em calçadão inviável. Segundo Nadir Mezerani, um dos autores do projeto, a Nova Paulista sofreu forte oposição devido aos apartamentos, escritórios e outros empreendimentos que haviam ocupado, de maneira indevida, o subsolo da avenida.
Em uma reportagem do Uol, feita em 2014, com as palavras do arquiteto, o túnel seria obrigado a enfrentar 22 construções irregulares, entre elas, garagens, caixaforte de um banco estatal e, até mesmo, uma quadra de um clube de esportes.
Mezerani ainda garante que a ideia era resgatar, de certa forma, o ambiente proposto por Joaquim Eugênio de Lima, o responsável por projetar a Paulista. “A ideia [do projeto Nova Paulista] era preservar a convivência social e permitir que a pessoa andasse e atravessasse a rua sem precisar ir até o próximo quarteirão”.
A continuação do projeto e uma solução atual
Embora o projeto tenha sido cancelado há muitos anos, Mezerani e o escritório Figueiredo Ferraz chegaram a trabalhar em um projeto posterior. O resultado final, aliás, foi apresentado a Marta Suplicy, que não o levou adiante. “A Paulista é a centralidade. Virou o símbolo da cidade. Para o ambiente urbano, é indispensável jogar os carros para baixo [para o subsolo]”, disse Mezerani.
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Com informações SP In Foco.