Uma rua de 150 metros na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, tem um projeto para ser a primeira da cidade que trata 100% do lixo que gera.
A ideia é que todo o material orgânico gerado seja usado em compostagem e, o restante, reciclado. A meta é alcançar o “lixo zero” até o final de 2016. Sem saída, a rua Laboriosa abriga hoje seis estabelecimentos comerciais –que vão de uma agência de publicidade a uma oficina– e cerca de 35 famílias.
“Pode parecer muito, mas é uma porção ínfima das 18 mil toneladas geradas diariamente na cidade. Grande parte disso pode ser reduzida, reutilizada e reciclada”, diz Mateus Mendonça, sócio da consultoria. “Se depender de conscientização dos moradores, já temos meio caminho andado”, conta a aposentada Sônia Regina Amarante, que mora ali há 61 anos. Desde 2009, antes mesmo da coleta seletiva existir na rua, ela já separava seus resíduos.
Outro morador é o músico e apresentador João Francisco Benedan, o João Gordo. Ele já conta com uma cisterna em sua casa e usa energia solar em parte da residência. Por isso, apoia a iniciativa, mas vê dificuldades. “Não é a toa, punk já tem essa coisa de ser engajado na proteção do meio ambiente. Mas pra ser lixo zero é complicado, precisa convencer a galera daqui, que, em geral, é bem consumista”, diz.
Compostagem
A sede da empresa, que fica na própria rua, já inclui parte das medidas previstas, como o uso de composteiras para o material orgânico. “Elas ficam na porta para mostrar que compostagem não produz odor desagradável, como muitos imaginam”, afirma Mendonça.
Segundo ele, entre 70% e 80% do resíduos da rua são orgânicos e, portanto, podem sser usados na compostagem. “A ideia com o tempo é ensinar e incentivar os vizinhos a fazerem o mesmo”, completa ele.
Também está previsto no projeto a melhoria para a coleta seletiva. Atualmente o caminhão passa apenas na terça-feira. A coleta normal é feita três vezes na semana.
A solução será colocar no início da rua um ponto de entrega para esse tipo de livo. A medida está prevista para julho. “Esperamos com isso aumentar o fluxo de saída de recicláveis e facilitar a separação, sem a necessidade dos moradores acumularem os resíduos em casa”, afirma Mendonça, da Giral. Ele também planeja fazer parcerias com cooperativas de catadores de lixo da região.
Na foto, Mateus Mendonça, da Giral Viveiro de Projetos, e Renata Amaral, voluntária no programa de reciclagem.
Julio Lamas para a Folha de S.Paulo.