“Primeiro é preciso avaliar o gasto que a pessoa teria com as duas opções”, explica o educador financeiro da empresa DSOP Luis Botelho. “Com o carro é preciso considerar despesas como o valor da gasolina, Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), eventuais multas, manutenções e estacionamento. Além do valor do carro, prestações e a desvalorização, também precisam ser contabilizados no momento da análise”, destaca Botelho. “Já com a utilização dos aplicativos temos gastos por quilometragem e minutos, ou seja, tudo depende da distância percorrida”.
“Como não sou muito ligada a automóvel e não gosto de dirigir, juntei o útil ao agradável. E o dinheiro que peguei com a venda do meu carro antigo, eu investi” diz Ana. Segundo a cantora, ela até questionou a atual dona do veículo sobre a convicção da compra. “Eu quase estraguei minha compra perguntando se ela queria mesmo comprar meu carro, já que na ponta do lápis, usar os aplicativos é uma melhor opção”, afirma.
Não foi só o custo que fez Ana preferir os aplicativos, a comodidade também faz a diferença, na avaliação da cantora. “Quando saio à noite, não preciso deixar de beber e nem me preocupar com o local onde estacionei meu carro”, afirma. “Antes eu costumava ter receio de sair tarde de onde estava e ir para o meu carro sozinha, ou então acabava pagando manobrista para não ter que deixá-lo em qualquer lugar. Agora, o motorista me busca na porta do local, o que é mais seguro”, conta.
Foi a conclusão a que chegou a publicitária Maya Lima, 41 anos. Como os gastos com o automóvel estavam acima do orçamento, ela decidiu vender o carro. “Era gasolina, revisão, IPVA… Tudo estava muito alto, e nós estávamos passando por uma crise. Então eu decidi vender meu automóvel. Hoje me desloco utilizando aplicativos como 99pop e Uber”, conta. “Eu moro só com a minha mãe e não tenho filhos, então é muito mais fácil. Como minha mãe tem carro, se precisarmos para alguma emergência posso utilizá-lo”, afirma.
Diagnóstico
O educador financeiro Luis Botelho alerta que é preciso ficar atento ao gasto que cada opção trará para o bolso da família. “É fundamental fazer um diagnóstico das despesas com transporte. Os gastos, seja com aplicativos de mobilidade, seja com carro pessoal, não podem passar de 30% do total da renda da casa”, afirma.
Depois de ter colocado na balança e analisado a opção mais rentável, ainda é possível economizar com cada uma das alternativas. “Para quem tem carro e faz o mesmo trajeto diariamente, é possível identificar as pessoas que vão para a mesma direção e compartilhar os custos com o combustível” indica o educador financeiro da Dsop, Emerson Oliveira.
Compartilhamento
Para quem acredita que os aplicativos de mobilidade são melhores alternativas, é preciso ficar atento à concentração de usuários. “Quanto mais usuários disponíveis em um mesmo local, maior é o preço pago”, conta Luis Botelho. Além do carro tradicional e dos aplicativos de mobilidade, estão chegando no mercado brasileiro as empresas de compartilhamento. A prestação do serviço é feita por meio de veículos que ficam em pontos nas ruas, e ao acessar o aplicativo o usuário pode localizar o automóvel e utilizá-lo, deixando-o na plataforma mais próxima de seu local de destino. O preço do deslocamento é calculado pelo tempo que o usuário fica com o veículo. De acordo com o presidente da LDS Group, que lançou esse serviço em São Paulo, Leonardo Domingos, o conceito do projeto é baseado em mobilidade. “Para a nova geração o carro não é mais um sonho. O que as pessoas buscam hoje em dia, são formas simples de se deslocar, sem precisar ficar refém de um automóvel”, afirma.
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Por Andressa Paulino no Correio Braziliense.