Durante palestra sobre empreendedorismo social, na Campus Party na semana passada, o engenheiro contou que sofreu um episódio de racismo quando colocou seu imóvel para aluguel de temporada em sites de compartilhamento.
“Eu senti que eu não posso pactuar com um produto, com um serviço, que me discrimina. Eu preciso ser atendido com a mesma qualidade e eficiência. À medida que eu pago por um produto que, de alguma maneira, não está enxergando ou está pactuando com uma conjuntura que me discrimina, eu não posso me sentir ali representado”, destacou.
Segundo ele, a Diáspora Black nasceu dessa experiência. “Não é uma necessidade minha, mas é uma necessidade de milhões de brasileiros, somos quase 110 milhões de brasileiros, que não têm no campo do turismo serviço e produtos de representatividade”, acrescentou.
O uso da plataforma Diáspora Black é simples: a pessoa se cadastra e pode procurar tanto por hospedagens em mais de 100 cidades ou oferecer sua casa para acomodar turistas. O negócio oferece ainda pacotes turísticos com foco na história e cultura dos negros.
Carlos ressalta que o visitante pode se surpreender com outro foco turístico, diferente do que as agências tradicionais disponibilizam. Ele cita como exemplo o bairro da Liberdade, na capital paulista, que é reduto da comunidade japonesa, mas tem nos registros uma história marcante da cultura negra.
“A possibilidade de você viver a cultura tradicional oriental e a possibilidade de você entender a cultura tradicional negra em um mesmo lugar. Para o turismo, para um estrangeiro, ou ainda para quem mora nessa cidade, isso alimenta tanto o conhecimento, como a autoestima”, disse.
“Destaco roteiros como comunidades quilombolas, são comunidades hoje que estão muito fragilizadas e que encontram nessa visitação um elemento econômico, um elemento para compartilharem suas experiências e o quanto isso é transformador para a vida das pessoas que visitam esses espaços”, acrescentou sobre alternativas de roteiros turísticos que proporcionam novas experiências aos visitantes e valorizam a comunidade local.
Disponível em quatro idiomas — português, espanhol, francês e inglês —, com 4 mil pessoas cadastradas, entre hóspedes e anfitriões, e presente em 15 países, a Diáspora.Black tem um foco preciso: “Valorizar as identidades negras e experiências turísticas afrocentradas”. Quem é negro sabe que o simples ato de ir e vir costuma ser mediado por preconceitos social e racial. “Queremos romper essa barreira da territorialidade”, diz Ribeiro um dos sócios.
Mesmo com foco para o turismo relacionado à cultura negra, Carlos Humberto reforça que o cadastro na plataforma é aberto para todos e revela que 20% dos cadastrados são não negros. A plataforma pode ser acessada pela internet.
Sobre a Diaspora Black
A Diaspora Black é um marketplace de hospedagens e experiências que aproxima viajantes e anfitriões com um propósito comum: construir vínculos de pertencimento e construindo uma comunidade global que busca viver experiências centradas no fortalecimento da cultura negra. Ela intermedia a oferta de acomodações compartilhadas em diversas cidades, entendendo o valor da casa como espaço de acolhida e bem-estar. Hoje fazem parte da plataforma 15 países, 70 cidades e 2 mil integrantes.
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Da Redação com informações da Agência Brasil.