Lego como você nunca viu: exposição traz esculturas feitas apenas com peças do brinquedo

Agora, é possível apreciar esse trabalho em São Paulo, na Oca. Depois de passar por diversos países em todos os cantos do mundo, a exposição The Art of the Brick desembarca no Brasil, o primeiro país da América Latina a receber a mostra.
O artista contou ao E+ que brincava de Lego desde criança, mas só começou a montar verdadeiras esculturas com os bloquinhos quando adulto. “Eu era advogado corporativo em Nova York. E eu chegava em casa à noite e precisava de alguma atividade criativa. Algumas pessoas vão à academia no fim do dia. Para mim, eu precisava de algo criativo. Então eu ia para casa e desenhava, pintava, ou esculpia. E eu esculpia com matérias-primas tradicionais, como argila. E um dia eu pensei: ‘e esses brinquedos dos meus filhos? Eu poderia usar peças de Lego para criar grandes esculturas?’. Comecei a experimentar isso e, mais tarde, deixei o trabalho de advogado para trás para me tornar um artista em tempo integral. Um artista que usa brinquedos.”

A exposição é dividida em ambientes. O primeiro é o ateliê do artista, em que há exposições de objetos cotidianos, como um lápis, uma maçã, um computador, além de caixas expostas com peças de Lego dentro. A cada sala que entramos, porém, é possível ver como os trabalhos são variados – há desde expressões faciais a réplicas de grandes esculturas, como a Vênus de Milo, uma estátua da Grécia Antiga, de Alexandros de Antioquia.

Há, inclusive, uma peça feita especialmente para o Brasil: um quadro do Pelé feito em Lego. “Eu queria fazer algo especial para o Brasil. Quando eu cresci, joguei futebol, era um grande fã de futebol, e tinha um pôster do Pelé na minha parede quando criança, então é muito muito especial criar essa peça. Eu levei cerca de duas semanas trabalhando nela”, contou Sawaya.

Ao todo, são 83 obras em exibição, algumas pequenas, outras grandiosas. Sem dúvidas, a que mais chama a atenção fica justamente na última sala, o Dinossauro. Com seis metros de comprimento e mais de 80 mil peças usadas na composição, a escultura levou três meses para ficar pronta. Segundo Sawaya, essa é uma das obras com maior grau de dificuldade.

Mas não são apenas obras de tamanho grande que exigem muito do artista. “Algumas réplicas de peças já existente são difíceis porque você quer fazer parecer exatamente como a original, porque vai ser comparado. Outras vezes, crio coisas da minha imaginação e isso é um desafio porque você quer se expressar usando apenas essas pecinhas retangulares”, explicou o escultor.

As salas têm chão e paredes pretos e a luz é direcionada para as peças, o que ajuda o visitante a focar na infinidade de detalhes de cada trabalho, já que o artista costuma usar peças pequenas, e ele deixa claro que as usa como são, sem cortá-las ou alterá-las.

O uso de cores básicas como vermelho, azul e amarelo predomina e remete ao universo infantil – mesmo que as obras, de infantis, não tenham nada. Se na entrada os trabalhos são objetos mais simples, nas salas seguintes há dezenas de esculturas que exploram as expressões e as condições humanas, e conseguem representar sensações de dor, força, alegria, amor e raiva de forma sutil e intrigante.

Apesar da complexidade e autenticidade de seu trabalho, Sawaya defende que há milhões de artistas de Lego por aí. “Há quatro milhões de crianças por aí que brincam com Lego todos os dias e eu acho que eles são artistas também. A melhor coisa de Lego é que não há limites. Você pode usar sua imaginação para criar qualquer coisa. E é um brinquedo universal, não requer linguagem, é uma linguagem própria, então você só precisa de muitas peças.”

A exposição, que começou em 2007 nos Estados Unidos, já ocupou mais de 80 museus só nos EUA, além de já ter passado por países como Bélgica, Holanda, China, Israel, África do Sul, França, Suíça e Espanha. Em São Paulo, The Art of the Brick estreia no dia 11 de agosto na Oca, no Parque do Ibirapuera, e fica em exibição até 30 de outubro, das 11h às 20h. A entrada custa 20 reais. No Rio de Janeiro, será exibida entre 11 de novembro e 15 de janeiro, no Museu Histórico Nacional.

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Por Hyndara Freitas no E+ do Estadão.

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