Ao ponto, pois: se ir ao Mocotó vale muito a viagem, o Macaxeira funciona para quem já está ali por perto. O que não é pouco, afinal.
Dadinho. No menu, receita dá o crédito para o Mocotó. Foto: Clayton de Souza / Estadão.
Carne de sol com pimenta biquinho e alho. Foto: Clayton de Souza / Estadão.
O serviço, porém, ainda que esforçado e simpático, é confuso. Garçons não dominam os itens do cardápio e as formas de preparo das comidas. Tampouco parecem conhecer a história da casa: numa das visitas, o garçom disse que o chef do Mocotó, Rodrigo Oliveira, tinha dado consultoria para o Macaxeira (chequei a informação depois, com Rodrigo e com os sócios do Macaxeira: não houve consultoria; três funcionários que passaram pelo Mocotó há dois anos estão na cozinha do novo restaurante do Tatuapé).
Por fim, a brigada do salão, às vezes, forçou a amizade me chamando de “ô, meu querido”, “meu irmão” e “queridão”, entre outras intimidades, para avisar, por exemplo, que tinha acabado o escondidinho meia hora depois de feito o pedido.
Em resumo, o que sobra no Mocotó – esmero nos preparos, matéria-prima fresquíssima, equipe afiada –, falta no Macaxeira. A nova casa do Tatuapé se aproxima mesmo do seu modelo na Vila Medeiros é pela alta frequência no fim de semana. A espera por uma mesa pode ser longa na hora do almoço.
Ainda assim, é louvável o aparecimento do Macaxeira. Acho que São Paulo seria melhor se mais restaurantes se inspirassem no Mocotó e se espalhassem pela cidade – dando os devidos créditos, claro. A descrição do dadinho de tapioca no cardápio diz: “criação do Rodrigo Mocotó” (sic). O problema mesmo é começar com um padrão tão alto de comparação.
Baião de dois. Foto: Clayton de Souza / Estadão.
Estreia no ramo
O Macaxeira acabou de completar dois meses de funcionamento. A casa tem seis sócios, que estreiam no ramo da gastronomia. Tenta replicar, no Tatuapé, o modelo do restaurante Mocotó.
O melhor e o pior
Prove
A carne de sol, com pimenta biquinho, manteiga de garrafa e alho assado, tem um toque adocicado interessante.
A mocofava, um caldo vigoroso e bem temperado.
Evite
O torresmo. Na porção, é puro sal; por unidade, tem um gosto artificial de defumado.
Dadinho de tapioca doce. O cubo frito é mergulhado em açúcar e fica exageradamente doce.
Os fins de semana. O restaurante lota, a espera é mal organizada e os itens do cardápio começam a faltar.
Estilo de cozinha: comida nordestina, com alguns pratos típicos da culinária do sertão.
Bom para: almoço entre amigos, se você estiver na região.
Acústica: salão mais para o barulhento, mas tolerável. Nas mesas da calçada, porém, no fim de semana, ouve-se o pagode do vizinho.
Vinho: “carta” tristíssima, com apenas dois tintos; um branco e um tinto em taça (a R$ 22). É melhor mirar nas dezenas de cachaças e cervejas.
Cerveja: chope só mesmo Brahma (R$ 6,90); dez opções de rótulos artesanais, contudo, são alento entre as geladas.
Água e café: garrafinha de 310 ml (R$ 4,90). O expresso da Fazenda é correto (R$ 3,90).
Preços: entradas e petiscos de R$ 6,90 a R$ 24,90; pratos de R$ 28,90 a R$ 46,90; sobremesas de R$ 7,90 a R$ 18,90.
Vou voltar? Não tão breve. Mas, se eu estiver na área, sim.
Serviço
Macaxeira
R. Emilia Marengo, 185, Tatuapé.
Tel.: 2671-2233.
Horário de funcionamento: 12h/23h (5a, 6a, sáb. até 0h; dom. até 18h).
Ciclovia: na Av. Abel Ferreira (a 1 km).
Sem bicicletário.
Valet (R$ 15, no almoço; R$ 20 no jantar e no fim de semana).
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Restaurante testado pelo crítico do Paladar, José Orenstein.