Os patinetes elétricos já estão nas capitais São Paulo, Rio, Florianópolis, Goiânia, Curitiba, Recife, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e Vitória, além dos municípios paulistas de Santos, Campinas e São José dos Campos. São Paulo foi a primeira cidade brasileira a ter as ruas invadidas pelos patinetes compartilhados, em agosto, mas a expansão país afora ganhou força mesmo no início do ano.
Pela lei, os equipamentos não podem passar de 20 km/h em ciclovias e ciclofaixas e de 6 km/h nas calçadas, segundo regra do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Porém, cabe aos órgãos e às entidades de trânsito representativas das cidades e do DF regulamentar o uso.”As autoridades foram atropeladas pela novidade. Não foi algo que partiu do Executivo. Alguém teve a ideia de empreender e aconteceu”, diz Sérgio Ejzenberg, engenheiro e mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo. Para ele, a discussão deve ser feita com calma, e é preciso entender se o patinete é modismo ou tem futuro.
Em São Paulo, a gestão vem conversando com outras prefeituras, como as de Nova York e Paris, para analisar as experiências. Após discussões com as empresas de compartilhamento, a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes criou, em janeiro, um grupo para conduzir a regulamentação. O que se sabe por enquanto é que “os equipamentos precisarão ser seguros, confiáveis e de qualidade e não poderão ser estacionados de modo que impeçam ou atrapalhem o caminho e a circulação dos pedestres”, disse a Prefeitura.
A gestão Bruno Covas (PSDB) já manifestou intenção de vetar os patinetes nas calçadas. Para Ejzenberg, a proibição de uso nas calçadas e a restrição às ruas e ciclovias faz sentido. “O patinete na calçada vai ser uma fonte de acidente.”Na Avenida Paulista, embora a maioria opte por andar na ciclovia, não é raro que patinetes circulem na calçada, em meio a pedestres e bancas de ambulantes. “Como alternativa de mobilidade é ótimo, mas precisa ter alguma regra. Não devia permitir na calçada – tem gente que extrapola e anda muito rápido. Já vi pessoas caindo”, disse a cabeleireira Vilma Souza, de 47 anos. Já o artesão Dionísio Silva, de 29 anos, não vê problemas. “Só facilita. Às vezes a gente precisa fazer uma caminhada e com o patinete é rápido. Não acho que o Estado precisa impor uma regra: as pessoas vão se entendendo.”Em Santos, a prefeitura alertou para a possibilidade de multa de R$ 195,23 para quem deixar o equipamento na rua – é infração grave uso da via pública como depósito, diz a gestão. A retirada e a devolução devem ocorrer em áreas privadas, conveniadas com a empresa do serviço.
Dados compartilhados
No Rio, um decreto em caráter experimental disciplinou o uso dos patinetes em dezembro, e um definitivo está em elaboração. Por enquanto, quem usa o equipamento deve seguir a determinação do Contran. Em nota, a prefeitura do Rio informou que os órgãos responsáveis farão a fiscalização das regras e que até a semana passada não havia registro oficial de acidentes com patinete compartilhado.
Velocidade e pouco esforço
Manter-se em pé no equipamento é fácil, segundo os usuários – mesmo para aqueles que usaram o patinete pela primeira vez. “Nos primeiros dois, três minutos, deu uma insegurança, mas depois foi ao natural”, conta a militar Jaqueline Macedo, que acabou repetindo o passeio no mesmo dia. Ela alerta, porém, para a velocidade que o patinete elétrico pode alcançar. “Achei um pouco alta. Se não me engano o visor chegou a registrar 30 km/h. Dá para controlar, mas depende de você. Eu fiquei na média de 12 km/h”, diz. A estudante de Letras Samira Ferder foi da Ilha do Governador, onde mora e os patinetes não são oferecidos, até a Praça Mauá para testar o equipamento. Ela gostou do serviço, apesar de achar que acaba sendo mais caro do que o aluguel de bicicletas. “Para quem mora perto do trabalho, acho que vale a pena até mesmo como meio de transporte. Mas, se for longe, não, pelo custo”, afirma. O advogado Emmanuel Biar já incorporou o equipamento na rotina. Ele faz diariamente de patinete o percurso entre o escritório na Rio Branco e a sede da Justiça Federal.
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Por Juliana Diógenes (São Paulo) e Marcio Dolzan (Rio de Janeiro), Estadão Conteúdo.