No Jesuíno Brilhante a comida é servida “como se come lá”. Lá em Patu, no sertão do Rio Grande do Norte, de onde vieram as receitas e os cozinheiros.
Comida com muito leite e muita carne, “uma cozinha de fazenda, de subsistência, como era a dos meus avós, que produziam leite”, conta o jornalista Rodrigo Levino, à frente do restaurante que abriu as portas nesta segunda-feira (4), em Pinheiros, sem pretensão nenhuma, quase como um lugar de estar.
O jornalista Rodrigo Levino, que prepara receitas ensinadas por sua mãe. Foto: Luiza Fecarotta / Folhapress.
Da inquietude de não encontrar por aqui comida de sua terra e da vontade de trazer a família para perto, nasceu o projeto do restaurante.
“A cozinha nordestina que existe em São Paulo é cearense e pernambucana, por causa da migração. Aquele feijão não é nosso”, diz Levino. “O arroz de leite, a paçoca, a carne de sol são muito diferentes.”
No cardápio diminuto – mas que deve crescer, pois há 30 receitas na gaveta –, brilha a carne de sol. Preparada naquele sobrado por João Batista Rodrigues, pai de Rodrigo, a peça de coxão-mole passa 12 horas em sal refinado, é congelada (“para recuperar a água perdida, por isso é suculenta”), descongelada e então cozida.
A carne de sol na nata (desfiada e cozida em creme de leite fresco), servida com cuscuz e saladinha de tomate (R$ 20).
Foto: Luiza Fecarotta / Folhapress.
Na paçoca, servida como tira-gosto, é refogada com manteiga de garrafa e cebola-roxa e então recebe a farinha de mandioca e o coentro (R$ 7).
Também é abre-alas a porção de bolinhos de arroz de leite, de casquinha crocante e recheio cremoso, feitos com arrozvermelho cozido em água e leite, nata fresca, queijo de coalho, cebola-roxa, cebolinha e pimenta (R$ 12, seis unidades).
São três as opções de prato principal: carne de sol na nata (desfiada e cozida em creme de leite fresco), servida com cuscuz de milho e vinagrete de tomate (R$ 20), carne de sol na chapa, com arroz-vermelho cozido com nata e queijo de coalho e feijão de corda (R$ 25), e o cozido do dia, com arroz branco e feijão de corda (R$ 18).
Muitos dos ingredientes vão ser trazidos “de lá”: o queijo, a manteiga, o arroz-vermelho. Doces, como a burra preta (pão de melado de cana com especiarias à semelhança de um pão de mel), nem existem aqui, diz Levino.
Na casa, ela é servida com nata fresca e mel de engenho (R$ 10). O pequenino restaurante, em que pedidos são marcados em comandas pagas no caixa, funciona apenas no almoço. Em breve, terá tapiocas, “café passado” e sanduíche, ao longo da tarde.
Serviço
Jesuíno Brilhante
Onde: Rua Arruda Alvim, 180, Pinheiros.
Quando: de seg. a sáb., das 12h às 15h.
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Magê Flores no Caderno Comida da Folha de S.Paulo.