Tóquio, a metrópole onde sim pode significar não

Para desvendar esta cidade misteriosa, principalmente se você está viajando a trabalho, uma das melhores formas é andar na linha Yamanote do trem, uma volta de 34,5 km ao redor da capital japonesa usada por milhões de pessoas por dia.

Em um trilho elevado mais alto que a rua, a linha Yamanote separa a Tóquio central do subúrbio, uma área urbana tão ampla que é difícil imaginar o tamanho da devastação causada, no passado, por desastres naturais e guerras.

Hoje, mais de 13 milhões de pessoas moram na região metropolitana de Tóquio, e seu PIB é maior do que da Coreia do Norte e do México, de acordo com o governo do Japão.

“Tóquio é onde pessoas, negócios, infraestrutura, instituições e estabelecimentos do Japão se encontram”, diz Kohei Ohno, que representa o escritório de Convenções e Visitantes de Tóquio em Londres.

O Japão é a terceira maior economia do mundo e, apesar de o governo tentar incentivar o crescimento desde que o boom imobiliário chegou ao fim, há duas décadas, o desemprego se mantém baixo e há poucos sinais visíveis de declínio.

Há arranha-céus, multidões animadas, luzes de neon e casas de apostas cafonas e iluminadas, com máquinas de pinball tocando música a cada vitória.

Tudo isso simboliza o Japão moderno. Mas também há a calma dos jardins do Palácio Imperial e as densas florestas no entorno do templo Meiji.

Pequeno cochilo em 'Hotel Cápsula' no centro da cidade. Foto: Alamy.

O trem da linha Yamanote abre caminho entre eles, cruzando ruas estreitas, com pequenas lojas e casas de família, oferecendo flashes irresistíveis da vida desta metrópole densamente povoada, mas surpreendentemente organizada.

“Tóquio tem coisas ótimas”, diz Dan Slater, fundador da Delphi Network, um serviço de construção de redes para negócios. Ele mora em Tóquio desde 2008.

“Tem alguns dos melhores trens e metrôs do mundo, é muito segura e se tornou relativamente barata.” Tóquio caiu para a 11ª posição na pesquisa de custo de vida da Mercer, enquanto Hong Kong ficou em 1º e Cingapura, em 4º.

A cidade ficou conhecida pela inovação em áreas que vão do design e logística a lojas de conveniência e jogos online e está se preparando para receber a sua segunda Olimpíada em 2020, uma oportunidade ideal para expor a capital.

Mas enquanto pode ter um olho no futuro, a metrópole, fundada há mais de 400 anos, ainda se move no ritmo do passado. Com sua cultura altamente enraizada, Tóquio oferece uma rara sensação em um mundo cada vez mais globalizado – uma cidade que, apesar de familiar, se mantém diferente.

‘Know-how’ cultural

A cultura japonesa é um campo minado para muitos visitantes estrangeiros, principalmente para quem viaja a negócios. Códigos sociais complexos significam que, em uma negociação, os japoneses poucas vezes dizem o que querem dizer.

Fundada há 400 anos, Tóquio consegue preservar tradições. Foto: Thinskstock.

“Balançar a cabeça não significa concordância, mas apenas que eles estão ouvindo”, explica Katsuji Tochino, representante de turismo de Tóquio em Sydney, na Austrália. “Mesmo se a pessoa que negocia receber um ‘feedback’ positivo, isso pode ser apenas um comentário educado. Não significa que haja interesse.”

O inglês não é largamente usado no Japão, e os negócios são conhecidos por serem relativamente fechados. Executivos de empresas estrangeiras precisam construir uma relação com seus parceiros japoneses. Espere muita bebida, comida e karaokê.

Jantar para um

Tóquio tem mais restaurantes com estrelas do guia Michelin do que qualquer outro lugar do mundo, mas mesmo o restaurante mais humilde vai servir comida de alta qualidade.

Quem está jantando sozinho pode ir aos restaurantes do térreo das lojas de departamento – vitrines com réplicas de comida de plástico assustadoramente reais tornam escolher o prato bem simples.

Pode-se provar alguns dos melhores frutos do mar no mundo no bairro de Shinjuku. Foto: Alamy.

Depois do expediente

No mercado Tsukiji você pode provar alguns dos frutos do mar mais frescos que irá encontrar na vida. Chegue cedo, veja as barracas no caminho para o mercado, pegue alguns tira-gostos, prove o macarrão – e se prepare para pegar fila em uma dos pequenos restaurantes de sushi.

O templo Meiji é um lugar relaxante para um passeio. O museu Nezu tem uma coleção de cerâmicas raras e está localizada em um belo jardim.

O museu de arte Mori, nos montes Roppongi, tem vistas da cidade de tirar o fôlego e, perto dali, há o 2121 Design Sight, ideia original do designer de moda Issey Miyake.

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Por Kate Mayberry na BBC Capital.

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