Você dirige? Que tal ajudar a evitar um atropelamento hoje?

 
O número de pedestres mortos aumentou 25% nos primeiros meses do ano em relação ao ano passado. Para cada morto, uma média de outros 7 machucados.

As calçadas continuam esburacadas, desniveladas, tomadas por acessos a garagens e degraus.

Os construtores de estações e terminais pensam em tudo, mas esquecem dos acessos de pedestre e qualquer conforto aos passageiros, como bancos para esperar o transporte.

Os motoristas de ônibus continuam freando bruscamente e fazendo manobras arriscadas, como se os passageiros fossem mercadorias.

Os motoristas de carros estão cada vez mais olhando para seus celulares e menos para a rua.

Rachas de madrugada terminam em acidentes e mortes.

Na periferia, quilômetros e quilômetros de ruas não têm calçada e os pedestres disputam espaço com uma lata de uma tonelada.

As pontes e viadutos não têm acessos, nem faixas de pedestres e os motoristas acham perda de tempo esperar pela travessia de pedestres.

Os sinais de trânsito e as faixas são furados por motociclistas, em qualquer lugar, a qualquer hora.

Os gestores municipais e estaduais pouco pensam na atividade mais corriqueira na cidade. Andar.

Mudanças à vista? Talvez, mas depende muito de você.

Há cidades no mundo todo que já derrubaram seus viadutos, pintaram faixas, multaram maus motoristas que ameaçam os pedestres, diminuíram a velocidade dos carros nas ruas de movimento de pessoas, aumentaram suas calçadas e cuidaram da segurança. Cidades que são procuradas pelos turistas brasileiros quando viajam.

Há um novo Estatuto do Pedestre que deve regular novas ações. Há uma legislação que deveria garantir que as calçadas irregulares sejam refeitas. Há uma lei de acessibilidade para cadeirantes e pessoas com necessidades especiais.

Há movimentos de pedestres, pessoas que vivem pensando em como mudar isso.

Há milhões de paulistanos que, independente disso tudo, vão continuar andando à pé, por obrigação. 1/3 das viagens diárias na cidade são à pé. Outro 1/3 são de pessoas que pegam ônibus e trens e têm que caminhar até os pontos. Mesmo quem vai de carro também anda a pé para chegar até o estacionamento.

Ou seja, todo mundo é um pouco pedestre. Poderíamos pensar como pedestres também, enquanto construímos ruas e garagens, enquanto dirigimos carros e motos, enquanto legislamos.

Que tal você começar hoje a exercitar isso?

Na direção, quando vir uma faixa e alguém estiver pensando em atravessar, pare.

Quando for virar, reduza a velocidade, espere as pessoas atravessarem e aí siga em frente.

Se a calçada na frente da sua casa estiver esburacada, conserte.

Se encontrar um sinal que não dá tempo para terminar a travessia, mande uma reclamação à CET. E cobre retorno.

Se estiver num táxi e o motorista começar a teclar, peça para ele parar.

Se você estiver num carro e o telefone tocar, encontre um lugar para responder ou retornar a chamada.

Se estiver conversando com alguém e a pessoa reclamar que há placas demais, controles demais, multas demais para quem anda de carro, lembre-a de que isso é um custo ridículo diante da tristeza de três famílias que esperam alguém que não vai voltar hoje.

Quem sabe a gente se encontra aqui mesmo daqui a um ano e tenha algo a comemorar?

***
Mauro Calliari é administrador de empresas, mestre em urbanismo e consultor organizacional. Artigo publicado originalmente no seu blog Caminhadas Urbanas.

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