5 projetos incríveis provam que nossa rotina pode gerar energia limpa e renovável

Essas ideias não só podem trazer benefícios para a cidade e para o nosso cotidiano, reduzindo consideravelmente o impacto da produção de energia no meio ambiente, mas principalmente pode melhorar a vida de pessoas que ainda não têm acesso à eletricidade.

De acordo com a ONU, 1,5 bilhão de pessoas ainda vivem sem energia elétrica no mundo. Apenas no Brasil, são cerca de 190 mil famílias, sendo a maior parte na zona rural.

Pensando nesses problemas, as startups Gravitylight, MotionECO, Bio-Bean, Capture Mobility e Pavegen estiveram no Rio de Janeiro no final de setembro para apresentar soluções para gerar energia mais limpa e renovável. As empresas são apoiadas pela Shell e fazem parte da campanha #MakeTheFuture, que investe em ideias de produção energética de forma limpa.

Conheça abaixo cinco projetos capazes de revolucionar a geração de energia que conhecemos hoje.

GravityLight

Imagina sua vida sem energia elétrica. Nada de geladeira, microondas, televisão, banho quente e, muito menos, computador e Netflix. Isso pode parecer bem diferente de sua realidade, mas é a vida da maior parte da população do Quênia, onde cerca de 80% das famílias ainda não têm energia elétrica e sua única fonte de combustível é o querosene.

Lá, a energia elétrica é um privilégio para poucos e lâmpadas de querosene ainda são a fonte de energia mais utilizada para se ter luz. O problema é que o querosene é extremamente caro, e as comunidades precisam racioná-lo, o que significa que na maior parte dos meses, elas ficam no escuro.

É esta realidade que a startup londrina GravityLight quer mudar com uma tecnologia simples e barata, mas muito eficiente. Trata-se de uma lâmpada alimentada pela força da gravidade. Ela usa um sistema simples de polia e peso para gerar eletricidade.

O sistema é composto por um saco onde se coloca pedra ou areia. O peso do material é puxado manualmente para cima por uma corda e, à medida que o saco vai descendo, o movimento gera uma corrente que acende uma lâmpada de LED. O saco com o peso termina sua trajetória em cerca de 30 minutos e, então, o usuário deve recomeçar o processo.

Segundo a diretora comercial da GravityLight, Caroline Angus, o dispositivo é eficaz e seguro comparado às lâmpadas de querosene, que podem provocar incêndios e sua fumaça é tóxica.

Cada dispositivo custa cerca de US$ 25, um preço que pode ser alto para comunidades mais carentes, mas como o sistema é alimentado manualmente, com custo zero para gerar energia, ele se torna vantajoso a médio e longo prazo.

Além de levar luz para as casas do Quênia, a empresa pretende usar as fábricas das regiões para produzir o produto, que vai gerar renda para homens e mulheres das comunidades.

MotionECO

Shutong Liu, fundador da MotionECO, à esquerda.

Um problema muito grave e comum na China é o reuso de óleo de cozinha. Por lá, existe um forte comércio ilegal que recicla toneladas de óleo de cozinha e o repõe ao sistema alimentício, prejudicando a saúde da população. A MotionECO resolveu tentar mudar esta situação transformando o óleo usado em biocombustíveis sustentáveis, capazes de reduzir em até 85% os gases do efeito estufa emitidos por transportes terrestres, marinhos e aéreos.

A startup consegue transformar, por meio de um rigoroso processo químico, o óleo de cozinha em biocombustível que denigre bem menos o ambiente em relação aos combustíveis comuns. Além de evitar a reutilização do óleo, ele também evita o descarte errado do produto, que também prejudica o meio ambiente.

Para pôr em prática o plano, a MotionECO entrou em contato com coletores de óleo de cozinha usado e produtores de biocombustível para propor a ideia.

Segundo Shutong Liu, fundador da startup, o maior desafio ainda é a conscientização da população, uma vez que na China é muito comum reutilizar o óleo de cozinha e comprá-lo de empresas clandestinas significa mais economia. Outro grande esforço do projeto é encorajar as grandes empresas de transporte a mudarem gasolina e diesel para esse combustível ecológico.

O trabalho é árduo, mas Liu garante que vale a pena. Além disso, o biocombustível sustentável vem despertando interesse pelas empresas de transporte desde o primeiro voo comercial abastecido por óleo de cozinha, em 2011.

Bio-Bean

Daniel Crockett, diretor de comunicação da Bio-Bean, à esquerda.

A empresa londrina transforma a borra de café em produtos de biomassa neutros em carbono, que pode substituir o carvão e madeira. A startup coleta e recicla mais de 50 mil toneladas de borra por ano, economizando 6,8 toneladas de emissões de CO2 por cada tonelada reciclada.

Com a Shell, a empresa agora foca em transformar borra de café coletada das fábricas, cafeterias e escritórios em biodiesel versátil. Se fabricado em larga escala, ele pode ser usado nos transportes. Cada tonelada é capaz de gerar 200 litros de combustível, suficiente para que um icônico ônibus de Londres possa rodar um dia inteiro.

Segundo Daniel, o maior desafio da startup é a produção em escala industrial e expandir para outros países da Europa e para os Estados Unidos. “Mas antes disso, pretendemos nos consolidar como empresa de reciclagem de recursos desperdiçados no Reino Unido”, diz Daniel.

O próximo passo, segundo o executivo, é transformar outros produtos orgânicos em combustível.

Capture Mobility

A Capture Mobility transforma em energia a turbulência dos carros e caminhões.

Hoje, existem cerca de dois bilhões de carros em todo o mundo. Por que não utilizar esta enorme frota a favor do meio ambiente? Foi exatamente o que o paquistanês Sanwal Muneer, de apenas 22 anos, pensou ao criar a Capture Mobility, uma startup que transforma em energia a turbulência gerada dos carros e caminhões na beira das estradas.

Formado em engenharia elétrica, Muneer construiu um projeto que é uma espécie de turbina heólica que capta o vento e turbulência gerada pelos carros e caminhões que passam em alta velocidade nas estradas. O projeto também tem um painel solar, que ajuda a captar energia solar. A ideia é gerar energia mais limpa para comunidades locais.

Muneer conta que a tecnologia é simples e barata e que ela poderia ser facilmente utilizada em estradas em todo o mundo. Agora a Capture Mobility está situada na Escócia e o plano é replicar a ideia em outros países, produzindo o equipamento em larga escala, principalmente em comunidades que carecem de energia elétrica.

Pavegen 

Pavegen: o piso que gera energia.

O inglês Laurence Kemball-Cook estava em seu quarto quando teve uma ideia ousada: “Por que não criar um chão capaz de capturar energia de passos?”. Pouco tempo depois nascia a Pavegen, empresa capaz de captar energia de passos e converter em eletricidade.

A startup inventou placas cinéticas, capazes de gerar energia limpa e renovável de algo que todo mundo faz: andar, dançar, correr ou pular. No ano passado, a Pavegen instalou no Morro da Mineira, uma comunidade no Rio de Janeiro, um campo de futebol capaz de gerar a própria energia. O projeto instalou as placas em todo o campo e sua iluminação era abastecida com energia cinética (quando pessoas jogavam futebol ali) e solar.

E a ambição de Laurence não para por aí. O empreendedor quer levar estas placas não apenas para campos em comunidades, mas para estações de trens e metrôs, pontos de ônibus, escolas e outros locais públicos, utilizando os passos das pessoas para iluminar locais de interesse de todos.

“O mais desafiador é engajar as pessoas. Nós somos engajados porque temos acesso a educação e falamos sobre o tema, mas muitas crianças não dão importância porque está longe da realidade. Por isso é importante mostrar isso para todo mundo.”

***
Por Luiza Belloni no HuffPost Brasil.

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