Desde o início do isolamento ficaram ainda mais evidentes o individualismo e os interesses particulares da classe política. Com exceções vindas de parcelas da população que se abriram bastante para a solidariedade.
Agora, com o afrouxamento da quarentena, há muito o que fazer. Há, na verdade, um novo país a construir. E que ele não volte àquele “normal” de antes, pois a nossa normalidade não é de fato benéfica. Construímos sociedades desiguais em metrópoles insalubres e estressantes. Junte-se a isso congestionamentos de horas, com pessoas sozinhas em seus carros, mais uma série de problemas urbanos, e temos uma conta que não fecha.
A questão que se apresenta é: como vamos agir daqui para a frente? Continuaremos individualistas? Cada um no seu carro, ou vamos também andar de bicicleta, de transporte público e caminhar mais? O poder público irá, enfim, investir fortemente no transporte coletivo, como faz todo país sério? Trens, metrôs e ônibus são vitais nas grandes cidades, e com os novos desafios que vieram com o vírus, eles precisam ser ainda mais impulsionados e melhorados.
Nossas escolhas, sejam de mobilidade ou de consumo, influenciam diretamente a saúde e o bem-estar de todos.
“Na terra há o suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não para satisfazer a ganância de alguns”, disse certa vez o grande líder indiano Mahatma Gandhi. Se Gandhi vivesse hoje, sua luta sem dúvida seria parar a onda de consumismo e de individualismo que assola o mundo. “Todo aquele que tem coisas de que não precisa é um ladrão”, dizia Gandhi. Obviamente não porque roubou, mas porque, por não necessitá-las, está inviabilizando a utilidade de uma matéria-prima e de algo.
“Mottanai”, uma expressão japonesa que significa “Que desperdício!”, pode ser considerada o novo mantra desses tempos pós-pandemia, em que, com menos recursos, devemos repensar o que jogamos fora cotidianamente – seja fumaça poluente expelida pelos veículos movidos a combustão, seja alimento, ou mesmo o nosso precioso tempo.
É importante repensar como vamos trilhar os nossos próximos passos enquanto sociedade e indivíduos, para que não só a nossa imunidade aumente, mas também a nossa Humanidade.
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Artigo assinado pelo Pro Coletivo, blog parceiro de conteúdo, especializado em assuntos da multimodalidade.