O espaço de convivência e atividades voltado para usuários de drogas da região, construído pela Prefeitura em 2014, oferece, até a noite desta sexta-feira (4), serviço de manicure, maquiagem, penteado e distribuição de bijuterias.
A iniciativa tenta despertar em tal população a interrupção do consumo, mesmo que temporariamente. Conhecido como “fluxo”, os dois quarteirões da Rua Dino Bueno ficam diariamente repleto de dependentes químicos, que acabam não apenas fazendo o uso da droga, especialmente o crack, mas residindo no local.
“É um momento em que não falamos de drogas. É só conversa de mulher. É para tirar elas da cena de uso”, revela Carmen Lopes, idealizadora da ação. Na visão dela, o fluxo só acaba o dia em que as drogas também forem extintas. “Tirar ele dali é espalhar pela cidade”, analisa.
Assistente social com atuação no território desde 2013, Carmen é funcionária de uma das ONGs responsáveis pelo projeto criado por Fernando Haddad, que tem como objetivo a reinserção social dos usuários de drogas no bairro da Luz, por meio de emprego e moradia em hotéis.
Partiu dela a ideia de criar a “Semana da Diversidade da Beleza”, e oferecer atendimento às mulheres, travestis e transexuais da região. Conseguiu a adesão de outros profissionais que trabalham no local e oferta do material necessário.
Às 13h30 desta última terça, 10 orientadoras psicossociais se dividiram nas funções disponíveis em um salão de beleza. O serviço de manicure, que começou com duas pessoas no atendimento, precisou de reforço.
“A unha está bombando”, revela Carmen. A procura para lixar e esmaltar era disputada até por homens que, no evento de estreia, não foram contemplados.
“Quando pensei nesse dia da beleza, era pensando o quanto que para a mulher a beleza é importante para a autoestima. E nessas mulheres que vivem aqui isso não é diferente. A gente vê a alegria delas de se olhar no espelho e se reconhecer”, explica Carmen.
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Lívia Machado do G1 São Paulo.