A cidade de São Paulo, o Brasil e o mundo vivem a atmosfera de Natal, uma celebração cada vez mais comercial, quase que restrita a troca de presentes, que nos faz relembrar o valor monetário da vida, do consumo e das relações.
Uma das datas muito celebradas pelos centros de compra em função do investimento promocional pesado versos expectativas de grandes volumes de faturamento nesse derradeiro mês, principalmente por que em 2017 a maré não esteve para peixes.
Para quem é assalariado, o dia 20 de dezembro representa a entrada do último recurso financeiro do período: a tão esperada segunda parcela do 13º salário, que cai na conta bancária quase que totalmente comprometida com as lembrancinhas para a família e a aquisição das bebidas e dos quitutes para a ceia de Natal e, se sobrar, para o champagne da passagem de ano.
Nesse clima de adeus, prepare-se para o que já sabemos que acontecerá e será matéria na mídia televisiva previsível: as compras de última hora na Rua 25 de Março; os principais shoppings centers da cidade superlotados; entrevistas com crianças sentadas nos colos dos Papais Noéis; congestionamento na região do Parque do Ibirapuera para ver a fonte do lago e a árvore; e o sucesso “Então é Natal”, interpretado pela Simone, tocando nas rádios sem parar.
Os amigos-secretos e as festas de confraternização estão em todo lugar: churrascarias, buffets, pizzarias, refeitórios, baladas; com versões para todos os estilos e todos os bolsos. Nessas festividades, inimigos fazem as pazes; paqueras se concretizam; novos amores são descobertos e desencontros também acontecem. Será uma versão não profana do Carnaval?
Mas lembro que o sentido do Natal é muito maior que aquilo que nossos olhos veem: mesmo os ateus e agnósticos percebem o Natal como algo extraordinário e transcendente que, por intermédio dos valores da simplicidade, amizade e solidariedade soa como um recado íntimo que fala ao coração.
Se praticamente tudo o que acontecerá até o dia 31 é previsível, relaxe e faça você outras escolhas. E, como diz o ditado popular: cada um colhe o que planta. Então, quais são as suas sementes de agora, e o que você quer colher nos próximos anos, não esquecendo que nutrir todos os dias é imprescindível? Boas Festas e que venha 2018. Por aqui, fico.
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Leno F. Silva é diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. Escreve às terças-feiras no São Paulo São.