Celular, o vilão que virou aliado dos professores nas escolas paulistas

Como as crianças ganham o primeiro celular cada vez mais cedo, há escolas que já usam o aparelho a partir do 6.º ano do ensino fundamental. Os colégios recomendam, porém, que haja um acordo com os alunos para que o item seja utilizado somente quando os professores autorizarem.

No Colégio Bandeirantes, os celulares são usados pelos alunos do ensino médio em algumas aulas de um projeto interdisciplinar, o Steam (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática, na sigla em inglês). Em uma delas, os estudantes utilizam o aparelho para buscar mais informações sobre obras de artes. As imagens de quadros são dispostas pela sala e, ao mirar o aparelho para elas, o aluno pode visualizar vídeos, áudios e outras informações sobre o artista e o período em que a obra foi feita.

Em outro projeto, eles investigam e precisam solucionar um crime fictício. Os jovens recebem pistas pelo celular e, durante a resolução, se deparam com conteúdos de biologia, física e química.

Segundo Tiago Eugenio, professor de biologia do colégio, para essas atividades é usado o conceito de realidade ampliada, que adiciona informações virtuais a elementos do mundo real. “Os jovens estão acostumados com a tecnologia, mas, mesmo assim, ficam impressionados quando encontram as informações dessa forma.”

Pokémon. A professora de biologia Viviane Bozolan, do Colégio Mary Ward, decidiu usar o celular como aliado em uma situação inusitada. Um dia após o lançamento do jogo Pokémon Go, ela estava com dificuldade em dar aula porque os estudantes do ensino médio não largavam o aparelho. Aproveitou, então, o interesse pelo jogo para associá-lo à aula sobre protozoários.

“Comecei a explicar que protozoários, assim como os pokémons, também têm ciclo de vida, passam por transformações e têm poderes de ataque. Os alunos acharam divertido e passaram a prestar atenção.” Segundo Viviane, o professor não pode se esquecer de impor limites. “Fiz um acordo para usarem em alguns momentos.”

No Colégio Móbile, o celular é proibido para os alunos do ensino médio, mas seu uso pode ser liberado para fins pedagógicos. Na aula de Rodrigo Mendes, professor e coordenador de biologia do colégio, o aparelho é usado para aumentar a interação. “Quando faço uma pergunta para a classe, só posso ouvir o que dois ou três vão dizer, e são mais de 30 estudantes por sala”, afirma. Por isso, começou a usar formulários online, para que todos pudessem responder ao mesmo tempo.

Os estudantes a partir do 6.º ano do fundamental são proibidos até mesmo de levar o celular para a escola, mas exceções podem ser abertas quando o aparelho é usado para atividades como a que os alunos fotografam plantas e insetos para discutir sobre eles na aula de ciências.

Estado. Também na rede estadual a liberação do uso de celular em aula está em discussão. O secretário estadual da Educação, José Renato Nalini, pediu ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) que libere o uso do aparelho para fins pedagógicos. A proposta está sob análise.

Isabela Palhares em O Estado de S. Paulo.

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