‘Clube do Livro’ se moderniza e aposta em formato de assinaturas e surpresas

A experiência se baseia no envio de um kit mensal para os assinantes, contendo um livro surpresa, uma revista, um marcador de página, e, sempre que possível, um “mimo”.

“A gente chama de ‘clube de assinatura de livros’. Não queremos substituir as leituras pessoais de cada um, mas ser uma alternativa diferente para consumir literatura. Cada kit é uma porta que se abre todos os meses para um universo literário diferente”, explica Arthur Dambros, um dos criadores da ideia, que funciona há cerca de dois anos.

“É uma forma de conhecer novos autores e livros que não compraria normalmente se fosse numa livraria, ou que não leria por não ser teu estilo, e acabar descobrindo que gosta, enveredando por outros universos literários, que se dependesse só de ti, acabaria não conhecendo”, explica Arthur, questionado sobre o fato de um livro ser possivelmente uma escolha muito pessoal para ser recebido assim, de forma tão surpreendente.

De qualquer forma, o fator surpresa não parece afugentar os cerca de 7.500 assinantes, número bastante significativo para um país que até ano passado possuía uma média inferior a dois livros lidos por ano por pessoa. A psicóloga Kátia Beal, assinante do serviço, relata: “São livros que eu não compraria espontaneamente, mas o fato de ser surpresa gera uma expectativa, uma ansiedade boa, que faz você imaginar muitas possibilidades enquanto aguarda a caixinha chegar”.

A seleção do material sempre surge por indicação de um curador, escolhido com base em um estudo de nomes premiados no mercado literário do país e do mundo. Entre os que já realizaram a curadoria, estão nomes como o filósofo Mario Sergio Cortella, ou o escritor Luis Fernando Verissimo. Para o mês de julho, o escolhido é Luiz Rufatto, ganhador do Prêmio Machado de Assis em 2001.

A revista traz informações contextualizando a relevância do livro e de seu autor, além de uma entrevista com o curador do mês, falando sobre sua trajetória, explicando porque ele foi convidado, e quais motivos o levaram a escolher o livro indicado. “A gente não busca fazer uma análise crítica. É como se fosse algo de leitor para leitor”, explica.

Muitas vezes o kit também acompanha um “mimo”, presente temático que ajuda o assinante a mergulhar no universo que está prestes a entrar. “Quando o livro foi ‘Orgulho e Preconceito’, um clássico da literatura britânica, enviamos um chá inglês, já que muitas cenas do livro se passam em reuniões de chá, à tarde, na Inglaterra.”, exemplifica Dambros.

Além disso, existem grupos de discussão das obras no Facebook. Tanto um grupo geral, para discutir literatura e trocar experiências, como específicos, para discutir cada obra. “Sei de muita gente que fez amizade por conta da ‘troca de figurinhas’ sobre as obras da TAG”, conta Kátia.

A professora Pollyana Amaral também demonstra ter gostado da experiência com outros assinantes: “Houve um livro de contos do Gabriel García Márquez, e através do grupo da TAG no WhatsApp, discutíamos um conto por dia. Foi uma experiência riquíssima!”. Ela ainda complementa: “É um hábito que transforma todas as realidades. Mesmo a dos que não tenham tanto convívio com a leitura”.

Entre os próximos passos da marca estão a realização de edições de luxo exclusivas, algo que será feito pela primeira vez em julho, e a promoção de eventos presenciais, para aumentar a noção de “clube” e o nível de engajamento entre os associados. Além disso, nos próximos meses deve ser lançado um aplicativo, semelhante a uma rede social, para que os associados possam interagir por celular.

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André Carlos Zorzi no E+ do Estadão.

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