Coletivo gastronômico traz ingredientes de diferentes biomas do Brasil ao Mercado de Pinheiros

 
A cidade de São Paulo ganhou um novo alento para os sabores brasileiros. Estão sendo abertos neste mês de março quatro novos boxes do Mercado Municipal de Pinheiros, focados em ingredientes de diferentes biomas do Brasil, que ficarão sob a curadoria do Instituto ATÁ em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), o Instituto Auá, a Central do Cerrado e o grupo Quintana. O Mocotó Café, aberto em janeiro, também faz parte do projeto.


O prefeito Fernando Haddad, durante a abertura dos novos boxes do Mercado de Pinheiros, que passa por processo de revitalização.
Foto: Claudio Tavares / ISA.

 As seis organizações formam um coletivo, que desenvolve diversos projetos com comunidades locais e tradicionais aliados à valorização dos ingredientes nativos. A ideia é facilitar o caminho para que os produtos estejam disponíveis no Mercado de forma qualificada, com preço justo e respeitando as peculiaridades de cada região.
 
O óleo de Pequi do Xingú é um dos ingredientes à venda no Mercado de Pinheiros. Foto: Cláudio Tavares / ISA.

Fortalecer a cadeia do alimento

O projeto do Instituto ATÁ no Mercado de Pinheiros atua em várias frentes. Um de seus principais objetivos é trazer luz à rica biodiversidade do Brasil, que se traduz em um leque sem-fim de ingredientes, repletos de aromas e sabores desconhecidos de grande parte de nossa população.

Outro objetivo é fortalecer a ponta da cadeia, contribuindo para que esse grupo de pequenos produtores, artesãos e comunidades se estruturem e sejam remunerados de maneira justa, tornando seus negócios sustentáveis economicamente, e facilitando sua entrada no competitivo mercado paulistano. O papel de todas as organizações envolvidas é de construir pontes entre o consumidor e o pequeno produtor, buscando encurtar o caminho do campo à mesa.

Como não haverá intermediários em todo o processo, os boxes se consolidarão também como um grande showroom, possibilitando outros negócios para as comunidades, os artesãos e os pequenos produtores. A expectativa é que os boxes sejam um estímulo para o comércio de varejo e um incubador de negócios para esses produtos. Seja com chefs e restaurantes que ali terão acesso a produtos vindos de locais distantes, seja para outros pontos de venda, com empórios e restaurantes. O projeto pretende ser o ponto de partida para uma rede que se estenderá por toda a cidade.

O chef Alex Atala, do Instituto ATÁ, acredita que criar uma demanda para esses produtos, apresentando-os ao público consumidor, e tornar viável o uso dos ingredientes brasileiros não apenas em suas regiões de origem é também uma poderosa ferramenta de preservação do meio ambiente.

Artesanato usado na culinária dos povos indígenas do Xingú. Foto: Cláudio Tavares / ISA.

Termo de Cooperação

O projeto dos boxes focados nos biomas do Brasil faz parte de um novo momento do Mercado Municipal de Pinheiros, que passa por um processo de revitalização com reformas estruturais, melhorias e um calendário de atividades educativas e culturais para o ano.

Ali, no tradicional espaço, localizado no Largo da Batata, firmou-se um termo de cooperação entre o Instituto ATÁ e a Prefeitura de São Paulo para um projeto inovador. A entidade, composta por lideranças de diferentes setores, como o chef Alex Atala (Grupo D.O.M.), Beto Ricardo (Instituto Socioambiental) e Roberto Smeraldi (Oscip Amigos da Terra – Amazônia Brasileira), com o prefeito Fernando Haddad e o secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo, Artur Henrique, formalizaram o acordo que permite à entidade ocupar e administrar cinco boxes do Mercado e também desenvolver ações que promovam o fortalecimento da cadeia produtiva do alimento.

A iniciativa, da Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo (SDTE), por meio da Coordenadoria de Segurança Alimentar e Nutricional (Cosan), faz parte do programa Fortalecimento da Diversidade Gastronômica na Cidade de São Paulo, pela valorização de ingredientes da cozinha brasileira.

“O Mercado Municipal de São Paulo, o Mercadão, reflete perfeitamente a diversidade cultural paulistana, mas ainda falta um espaço que represente nossos sabores nativos. A ideia é que o Mercado Municipal de Pinheiros ocupe essa lacuna e se torne uma embaixada do ingrediente brasileiro”, explica o chef Alex Atala.

Trazer produtos que representem os diferentes biomas e priorizar ações que valorizem o pequeno produtor e fortaleçam a cadeia do alimento serão prioridades no projeto do Instituto ATÁ para a parceria. “Queremos que o Mercado de Pinheiros se torne uma extensão da rota turística que vai ao Mercadão e que o público venha de metrô e de bicicleta”, afirma Alex Atala.

Conheça alguns produtos que serão comercializados nos novos boxes do Mercado de Pinheiros

Bioma Amazônia / Mata Atlântica (Instituto ATÁ).
– Tucupi
– Molho de tucupi preto
– Maniva precozida
– Mini-arroz do Vale do Paraíba
– Farinha piracuí
– Farinha de milho biju
– Cachaça de jambu
– Cumaru
– Açúcar aromatizado com cumaru
– Aviú
– Queijo marajoara
– Doce de cupuaçu
– Farinha d’água
– Feijão manteiguinha
– Geleia de jambu
– Geleia de priprioca
– Polpa de bacuri
– Polpa de murici
– Polpa de taperebá

Bioma Amazônia / Mata Atlântica (Instituto Socioambiental).
– Pimenta baniwa
– Mel dos Índios do Xingu
– Castanha do Pará
– Farinha de mesocarpo de babaçu
– Farinha de mandioca (Mata Atlântica)
– Banana chips (Mata Atlântica)
– Taiada (Mata Atlântica)
– Rapadura (Mata Atlântica)
– Óleo de Pequi
– Pimenta do Xingu. Ainda não disponível
– Azeite de castanha. Ainda não disponível
– Óleo de babaçu. Ainda não disponível
– Cerâmica Baniwa
– Cerâmica Yudja
– Cerâmica Wauja

Bioma Mata Atlântica (Instituto Auá).
– Cachaça curtida com cambuci, com pelo menos 400 anos de tradição no alto da Serra do Mar de São Paulo
– Xarope de cambuci, com tradição centenária na região, sendo excelente expectorante
– Licores de grumixama, araçá, cambuçá, pitanga e outras nativas, produzidos em Parelheiros, no extremo sul da cidade de São Paulo
– Paleta de uvaia artesanal da marca Empório Mata Atlântica
– Geleias de Cambuci, Uvaia, Juçara e outras nativas, de diversos produtores da Serra do Mar Paulista
– Antepastos, molhos e chutney à base de Cambuci
– Granola com juçara, produto exclusivo de São Luiz de Paraitinga
– Mudas de cambuci, grumixama e araçá
– Cambuci congelado da Rota do Cambuci

Bioma Cerrado/Caatinga (Central do Cerrado).
– Óleos vegetais (babaçu, pequi, macaúba)
– Farinhas (jatobá, babaçu e buriti)
– Castanhas como a de baru e pequi
– Geleias, licores, doces e polpas de frutas nativas do Cerrado e da Caatinga
– Artesanatos de Capim Dourado
– Tecelagens com pigmentos naturais e outros produtos associados ao modo de vida dos agroextrativistas
– Produtos das Mulheres Quebradeiras de Coco de Babaçu, que possuem uma relação muito forte com as matas de cocais ou babaçuais de onde tiram inúmeros produtos para seu sustento e possuem uma luta muito forte em defesa do direito a suas terras e territórios e contra a grilagem de terras.

Bioma Pampas (Marcos Livi/Quintana).
– Mel branco de Cambará do Sul
– Pimentas de Turuçu
– Charque de gado de Santana do Livramento
– Charque de cordeiro feito pelo chef Márcio Avilla, de Pelotas
– Artesanato em nó de pinho, lascas de araucária, lã de ovelha
– Carne de ovelhas crioulas do Projeto Monã
– Sucos de frutas nativas, como butiá
– Arroz cachinho, de Sentinela do Sul, uma semente quase crioula, esquecida por 100 anos e agora novamente sendo resgatada e gerando uma nova fonte de renda para uma associação de 23 produtores. Disponível apenas em maio.

Bioma Caatinga (Mocotó).
– Manteiga de garrafa
– Pimentas
– Farinhas
– Cachaça
– Rapadura
– Tapioca
– e pratos típicos nordestinos

Serviço

Mercado Municipal de Pinheiros.
Rua Pedro Cristi, 89.
Horário de funcionamento: segunda a sábado, das 8h às 18h.
Fecha aos domingos.

***

Informações: Giuliana Bastos assessora de imprensa do Instituto ATÁ, Assessoria de Comunicação do Mercado Municipal de Pinheiros e da Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo.

 

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