Nos mais de 40 anos de vida conjugal, Joan vive à sombra do marido, escritor consagrado, e tudo indica que a convivência de ambos, apesar de um pouco desgastada em função do tempo, seguiu bem no modelo de relação machista tão presente nos dias atuais.
Baseado no livro homônimo de Meg Wolitzer, A Esposa traz como protagonista Joan (Glenn Close), que deve acompanhar o marido Joe (Jonathan Pryce) à Suécia depois que este é escolhido para receber o Nobel de Literatura por obras mundialmente aclamadas. Assim que chegam à cidade de Estocolmo para os preparativos da cerimônia, a relação do casal é posta ao teste quando o escritor Nathaniel Bone (Christian Slater) questiona o passado dos dois e a verdadeira autoria das obras.
A produção é caprichada e aos poucos, somos levados a mergulhar na convivência do casal, a conhecer os caminhos percorridos, e as razões que a levaram a fazer determinadas escolhas. O roteiro adaptado por Jane Anderson é eficiente em seu arranjo das cenas, viajando entre passado e presente, gradativamente reconstruindo esse quebra-cabeça para chegar aos pontos mais insidiosos dessa relação.
Como é impossível mudar o passado, é no presente que as mudanças e as transformações acontecem. Nesse sentido, a decisão é o ponto de partida, e ele se dá quando a convicção e a coragem de sair de um determinado lugar incômodo são maiores do que os ganhos secundários acumulados no casamento.
Pela atuação impecável, o Globo de Ouro 2019 de Melhor Atriz para Glenn Close foi puro merecimento. Por aqui, fico. Até a próxima.
Serviço:
Filme: A esposa.
Países de origem: Estados Unidos da América e Suécia.
Direção: Björn Runge.
Elenco: Glenn Close, Jonathan Pryce, Christian Slater, Max Irons, Alix Wilton Regan.
Duração: 100 minutos.
Classificação: 14 anos.
Gênero: Drama.
Assista o trailer: https://youtu.be/Hj8KPhUMI88
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Leno F. Silva é diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. Escreve às terças-feiras no São Paulo São.