Ex-refugiada, palestina ganha prêmio de melhor professora do mundo

A professora Hanan Al Hroub, da escola de ensino médio Samiha Khalil, na Palestina, foi eleita no último domingo (13), em Dubai, no Oriente Médio, a melhor professora do mundo pelo Global Teacher Prize, prêmio concedido pela Fundação Varkey, organização sediada em Londres, no Reino Unido. O anúncio da vencedora foi feito pelo papa Francisco. Em sua segunda edição, o prêmio é considerado o “Nobel da Educação” e distribui US$ 1 milhão.
 
Hanan cresceu em um campo de refugiados em Belém e teve uma vida marcada por casos de violência. Ela iniciou sua trajetória na educação após seus filhos ficarem traumatizados por um tiroteio que presenciaram quando voltavam da escola. Após participar de reuniões para discutir o comportamento e desempenho escolar, Hanan percebeu que era necessário um trabalho socioemocional e começou a ajudar outras crianças que viviam em circunstâncias parecidas.
 
Em entrevista ao site da Agência das Nações Unidas para assistência aos refugiados da Palestina, ela disse que ter crescido nesta realidade fez com que desenvolvesse uma resiliência e persistência que precisava para enfrentar os desafios de sua vida. “As crianças de outras partes do mundo podem aproveitar a infância, mas as palestinas, não. As nossas brincadeiras eram afetadas pelo entorno. Você cresce consciente e conhece a política e o que acontece ao seu redor”.
 
Seu trabalho é concentrado no desenvolvimento de confiança, respeito, honestidade e relações afetivas com seus estudantes e enfatiza a importância da alfabetização. Em processo detalhado no livro “We play to learn” (“Nós brincamos para aprender”), ela cria jogos com materiais do dia a dia e encoraja seus alunos a trabalharem juntos. A professora diz ainda destinar atenção especial às necessidades de cada um e estimular reconhecimento de atitudes positivas.
 
“Ao participar dessas brincadeiras com meus alunos, eu tento reduzir os efeitos da violência sobre eles, particularmente entre os que demonstram atitudes violentas”, disse ao site da ONU. “Desde o começo eu tento assegurar que os alunos entendam que dentro da sala de aula nós somos uma família – que pertencemos uns aos outros”.
 
A estratégia pedagógica de Hanan têm resultado em uma diminuição no comportamento violento em escolas e inspirado colegas a mudarem suas práticas em sala de aula. 

 

Marcio foi o primeiro brasileiro a entrar na lista de 50 finalistas. Foto: divulgação.

 

Brasileiro fica entre os 50 

O professor Marcio de Andrade Batista, que trabalha em escolas do ensino público de Mato Grosso, foi um dos 50 finalistas do prêmio. Engenheiro químico e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Batista orienta projetos sugeridos pelos próprios estudantes. A ideia é que os alunos desenvolvam interesse pela ciência desde o ensino básico. “Sempre tive como meta mostrar que ser cientista é tão legal quanto ser jogador de futebol ou outra profissão que os alunos admiram. Queria inserir a ciência dentro do rol de interesses dos alunos”, diz.

Com as orientações do professor, surgiram projetos como que utiliza casca da castanha de baru, típica do cerrrado da região, para fazer pisos, e a utilização de resíduo de soro de queijo para enriquecer pães e dar mais qualidade à alimentação. Uma das alunas, Bianca Valeguzki de Oliveira recebeu o prêmio Jovem Cientista pelas mãos da presidenta Dilma Rousseff.

Os outros nove finalistas:

– Maarit Rossi, Finlândia, que desenvolveu seu próprio método de ensinar matemática. A Finlândia tem alguns dos melhores resultados em matemática do mundo em provas internacionais, mas os alunos dela têm resultados ainda melhores que os padrões finlandeses.

– Aqeela Asifi chegou ao Paquistão como refugiada do Afeganistão e dá aulas para crianças refugiadas em uma escola que ela criou.

– Ayub Mohamud, professor de business do Quênia, chegou às finais com um projeto para desencorajar violência extremista e radicalização.

– Robin Chaurasiya de Mumbai, na Índia, fundou uma organização para ensinar e dar apoio a adolescentes em zonas de prostituição.

– Richard Johnson, professor de ciência de Perth, na Austrália, montou um laboratório de ciências para crianças de escola primária.

– Michael Soskil, da Pensilvânia, nos EUA, que já tinha ganhado um prêmio pela “excelência em ensinar ciências e matemática”, motiva seus alunos ao ligá-los a projetos ao redor do mundo.

– Kazuya Takahashi, do Japão, desenvolveu uma iniciativa para ensinar ciências e incentivar a cidadania global.

– Joe Fatheree, de Illinois, dos EUA, foi pioneiro em usar projetos com impressoras 3D, tecnologia de drones e usando games online como Minecraft.

– Colin Hegarty, professor de matemática de Londres que criou um site com aulas online.

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Com informações da Agência Brasil e da BBC Brasil.

 

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