‘Fashion Revolution Week’ pergunta quem fez nossas roupas

O Fashion Revolution Day é um movimento que visa chamar a atenção das pessoas para o verdadeiro custo, que nós consumidores não percebemos, da indústria da moda, em todos os seus processos de desenvolvimento.
 
A campanha de conscientização chega ao seu terceiro ano em 2016, e a data escolhida, dia 24 de abril, não poderia ser mais oportuna: a organização do Fashion Revolution surgiu com a queda do edifício Rana Plaza em Bangladesh, no dia 24 de abril de 2013, na qual 1.133 trabalhadores do setor têxtil, terceirizado de grandes empresas ocidentais, morreram – a maioria mulheres – e mais de 2.500 ficaram feridos.
 
Fashion Revolution Day. Imagem: reprodução.
 
Fundado por um grupo misto, que engloba desde empresas de moda sustentável a ativistas e acadêmicos, o foco é reconectar os consumidores com as pessoas que fizeram suas roupas. “Passando pelo costureiro até chegar no agricultor que cultivou o algodão que dá origem aos tecidos”, como afirma Orsola de Castro, co-fundadora do projeto, ao lado de Carry Somers.
 
A indústria da moda mudou muito nas últimas décadas. Uma peça de roupa era um item caro e, portanto, feito para durar. Mas nos últimos anos, com a realocação de multinacionais têxteis para países com mão de obra mais barata, isto é, países cuja economia e leis trabalhistas estão em desenvolvimento, ficou mais simples a produção em larga escala.
 
Não por acaso isso coincide com o fenômeno do fast-fashion.
 
O que os críticos afirmam é que, apesar do aparente benefício do barateio das peças para o público em geral, alguém está pagando um alto preço por isso e certamente não é o dono do grande conglomerado industrial.
 
O ônus sempre recai sobre o lado mais fraco, no caso, os trabalhadores. Não somente aqueles que costuram os tecidos, como também aqueles que manejam todos os produtos químicos que envolvem sua produção.
 
Por isso, o movimento Fashion Revolution visa chamar nossa atenção para a etiqueta daquilo que vestimos, fazendo nos questionar de onde vem nossas roupas (#quemfezminhasroupas).
 
Se compramos algo no Brasil que veio do outro lado do mundo, o que isso significa? Quais as reais implicações disso? Que tipo de cadeia produtiva estou indiretamente colaborando para manter?
 
De fato, comprar do pequeno produtor local encarece o produto e é algo a que nem todos têm acesso. É que a ideia de moda sustentável (slowfashion) está alinhada à ideia mais ampla de consumo consciente. A proposta de quem defende o tema é consumir menos, mas com maior qualidade.
 
Quem viu o documentário “The True Cost”, disponível no Netflix, fica espantado ao saber o volume de roupas que vão para o lixo. Mesmo que você doe as suas peças para quem precisa, ainda assim sobra uma quantia enorme de roupas sem uso. Porque tal como no caso dos alimentos, o problema de distribuição de peças de roupa parece ser mais uma questão política e social do que propriamente a falta de itens no mercado.
 
Com as novas macrotendências de comportamento – e, consequentemente, de consumo, dado que somos todos consumidores no mundo – voltadas para conceitos como “pausa”, “economia emocional”, “guerreiros do desperdício” (os dois últimos, em tradução livre feita por mim), e etc., parece ser grande a chance do movimento Fashion Revolution ganhar ainda mais força nos próximos anos.
 
No segunda, dia 18 de abril, acontece o Fashion Revolution São Paulo, como parte da programação da Fashion Revolution Week.
 
Serviço
Fashion Revolution São Paulo
Data: 17/04/2016, das 10h às 19h.
Escola São Paulo Rua Augusta, 2239, Cerqueira César, São Paulo
Entrada Gratuita
Para assistir: The True Cost, Netflix.
 
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Silvia Feola em seu blog Cotidiano Transitivo no Estadão.

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