Futebol é muito mais que bola na rede

Bem, eu raramente vou ao estádio, mas assisto todos os jogos pela TV. Não perco nenhum. Uma vez fui com um fone de ouvido pra não perder uma partida de final de campeonato, numa peça do Zé Celso no Teatro Oficina. Que o Zé não me ouça! Enfim, sou tricolor paulista! Mesmo que meu time tenha um hino que diga que “as suas glórias vêm do passadooooo”. Meu deus! De onde viriam as glórias se não do passado? Enfim, VAMOS TRICOLOR! Vamos sair da zona de rebaixamento!

Gosto tanto de futebol que já fiz alguns trabalhos com o tema. A SALA DA EXALTAÇÃO (aquela que tem as torcidas) no MUSEU DO FUTEBOL, o documentário AVESSO FUTEBOL, sobre os arredores hilários de uma partida de futebol e seus torcedores e vendedores ambulantes na década de 80; a videoinstalação VERSUS (em duas versões – 2003 e 2015) onde você entra numa sala e vê apenas duas torcidas em cada parede. Com o tempo você percebe que aquilo é um filme do jogo inteiro (!), que você acompanha apenas com as reações dos torcedores. As fotos aqui mostradas são das paredes da instalação. Neste semestre vou fazer outra videoinstalação no Museu do Futebol! Adoraria fazer um documentário sobre uma Copa do Mundo…

Mas, reforço: FUTEBOL NÃO É SÓ BOLA NA REDE. Futebol é o lazer número um do brasileiro e quiçá do mundo; é política da pior qualidade; é corrupção padrão FIFA; é medicina de ponta; é psicologia o tempo todo entre técnicos, jogadores e comissão técnica; é comemorar como se aquele gol fosse a última coisa na face da Terra; é ensinar disciplina; é cultivar saúde; é muita grana pra televisão; é roubar no jogo sem dizer que rouba e achar isso normal (pois é “do futebol”); é um lugar de gente simples que pode valer 880 milhões de reais (como na venda do Neymar pro PSG); é um lugar de redenção sem fim, onde as esperanças se renovam a cada jogo; é poder gritar palavrões a plenos pulmões no estádio (e nos bares, em casa…); é música nas arquibancadas de um bando de loucos; é o assunto da grande maioria das rodinhas de escritório e das padarias; é um esporte que cada dia tem mais mulheres envolvidas (ah! E elas fazem falta nas administrações dos clubes!); é jogo viril no gramado e, infelizmente, violento fora dele; é aquela coisa brasileira que os gringos nos reverenciam (fui salvo no Marrocos por causa do Ronaldinho Gaúcho!); é o esporte que se pode jogar em qualquer lugar com uma bola fajuta e duas sandálias Havaianas (nem o basquete permite isso, imagine o golfe ou o tênis…); é a eterna gozação pelo Palmeiras não ter Mundial; é matemática/lógica/intuição nas bolsas de apostas; é balé; é olé; é cerveja gelada; é bandeira (pena que em SP não as temos mais bandeiras nos estádios), é um alicerce para aprender superação; é fotografia; é filme; é moda (com as camisas clássicas e as invenções do Barcelona ou as poses do Beckham ou do Cristiano Ronaldo); é memória que fica pra sempre; é coisa de craque e de frangueiro (cabem todos numa só partida); é nostalgia; é estratégia; é arte dentro e fora dos gramados. Futebol é tudo isso e muito mais. Futebol é a vida que pulsa e se renova a cada jogo. Tristes aqueles que não gostam de futebol! 

VAMOS TRICOLOR!  

***
Tadeu Jungle é diretor de TV, cinema e realidade virtual e sócio da produtora Academia de Filmes. Realizou exposições de fotografia, videoarte, videoinstalações e poesia visual. 

 

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