Inovando nossa história

Presentes inicialmente em painéis nas edificações de uso religioso ou governamental, em poucas décadas as belíssimas peças passaram a ser importadas não apenas de Portugal, mas também da França e da Holanda (países que tinham em sua produção de azulejos importante forma de expressão artística) e começaram a revestir também fachadas de construções urbanas.

Painel de azulejos criado por Roberto Burle Marx para o  hall do Edifício Prudência (Higienópolis, São Paulo) :: projeto de arquitetura de Rino Levi, 1944. Foto © Guilherme Marcato.

Ainda no final do século XIX, o azulejo começou a ser produzido no Brasil,  mas foi a partir do início do século XX nossa produção tornou-se regular. E muito embora nesse período alguns arquitetos tenham abandonado o uso desse material (numa rejeição a elementos representativos do período colonial), o movimento moderno brasileiro, preocupado em “casar tradição com modernidade e fazer dos materiais nacionais e tradicionais ponte de ligação entre o colonial e a vanguarda” *, (re)incorporou o azulejo à sua arquitetura. A partir de então, a azulejaria nacional passou a ser uma forte expressão artística de nossa cultura, por meio da qual se representavam, junto a formas geométricas, elementos da paisagem, da fauna e da flora brasileiras.

Sob essa perspectiva histórica, a coleção desenhada em 2012 pelo designer Fábio Galeazzo para o selo Azulejaria Brasil (Cerâmica Antigua) ganha dimensão ainda maior. Batizada de Conspiração BR, ela traz 20 estampas subdivididas em 4 temas, por meio dos quais Galeazzo resgata e relê, com maestria, um dos mais importantes elementos de nossa arquitetura.

Mosaico com azulejos criado por Fabio Galeazzo para Azulejaria Brasil :: 2012.

Da escolha do formato (15cm X 15 cm, o mais tradicional em nossa produção), passando pela definição dos temas (que vão das imagens presentes na Festa do Divino às estampas tradicionalmente encontradas na chita brasileira) até a montagem da paleta de cores, Galeazzo revela profundo conhecimento, extrema sensibilidade e uma enorme capacidade de inovação, e obtém resultados plásticos de beleza incontestável.

Aliando domínio técnico e teórico, sensibilidade e talento, Galeazzo demonstra que o design de interiores pode, sim, a um só tempo, ser inovador e contar história, ser lúdico e propagar cultura – sem deixar de proporcionar beleza aos ambientes, prazer aos olhos e conforto à alma.

Para saber mais acesse: http://www.fabiogaleazzo.com.br/pt/ e http://azulejariabrasil.com.br/

* Marcele Cristiane da Silveira, “O Azulejo na Modernidade Arquitetônica”, dissertação de mestrado, FAUUSP, 2008.

***
Valéria Midena, arquiteta por formação, designer por opção e esteta por devoção, escreve quinzenalmente no São Paulo São. Ela é autora e editora do site SobreTodasAsCoisas, produtora de conteúdo e redatora colaboradora do MaturityNow. Escreve quinzenalmente no São Paulo São.

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