Havia apenas um taxista no ponto, e ele aproveitava a inexistência de passageiros para cochilar. Imediatamente pensei quantos motoristas de aplicativos estavam circulando pela cidade no mesmo instante. Embora a transformação desse segmento seja realidade, muitos aguardam tranquilamente, parados, a chegada dos clientes.
Ainda não sabemos quais mudanças enfrentaremos nos próximos anos no que diz respeito às formas de locomoção nas cidades. Hoje, além dos transportes públicos conhecidos: ônibus, Metrô, Trem, VLT; os privados táxis, bicicletas, automóveis e motos privadas; aplicativos para carros, bikes e patins, e os sistemas de locação de veículos por diária e por hora, outras novidades surgirão para democratizar mais as escolhas de mobilidade, sem deixar de considerar que entre distâncias curtas e médias, andar a pé torna-se cada vez mais comum.
Nesse festival de alternativas, todos ganham. Na maior cidade do país embora, no início da novidade alguns conflitos ocorreram, a convivência entre os taxistas e os motoristas de aplicativos está pacificada porque existem clientes para todos, e os equipamentos oferecidos nas malhas administradas pela prefeitura e pelo governo do Estado, exceto nos horários de pico, atendem razoavelmente bem as demandas dos usuários.
Entre os prestadores de serviços dos pontos fixos de táxis demarcados no asfalto e os milhares de motoristas de aplicativos prontos para atender aos clientes no mais variados bairros da cidade, os paulistanos estão aprendendo a circular mais pela cidade, e a fazer usos mesclados das distintas opções de mobilidade, ou não, dependendo da pressa, da importância do compromisso, do recurso disponível e das condições metereológicas.
No verão, por exemplo, quando São Pedro resolve mandar calor, chuva e vento ao mesmo tempo, o sistema inteiro de mobilidade entra em pânico e o caos se instala na metrópole. Aí, o jeito é ter paciência e sabedoria para lidar com as imprevisíveis forças da natureza e as suas consequências passageiras mas, às vezes, inesquecíveis. Por aqui, fico. Até a próxima.
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Leno F. Silva é diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. Escreve às terças-feiras no São Paulo São.