Moradores de Paris votam pelo banimento dos patinetes elétricos compartilhados

Por Jenny Che.

Em referendo no último domingo, os eleitores parisienses decidiram por esmagadora maioria proibir os patinetes elétricos compartilhados, apoiando os funcionários da capital francesa que se disseram incomodados com o uso do espaço público por parte dos operadores e com os acidentes relacionados aos equipamentos.

Mulher passa por cartaz que diz “A favor ou contra patinetes compartilhados em Paris” na fachada da prefeitura do 10º distrito da cidade. Foto: Thibault Camus / AP.

Quase 90% dos moradores que se manifestaram votaram contra a permissão de uso de patinetes elétricos compartilhados, apoiando o esforço da prefeita Anne Hidalgo, que havia dito que esperava pôr um fim aos serviços quando anunciou o referendo. O resultado significa que os contratos para os três operadores da cidade, Lime, Dott e Tier, não serão renovados quando expirarem em 1º de setembro. As empresas operam 15.000 scooters em Paris.

A participação no referendo, o primeiro de seu tipo, foi de pouco menos de 8%, ou cerca de 103.000 eleitores. As autoridades disseram que ficaram surpresas com a disparidade na votação, que foi consistente em todos as regiões da cidade.

“Tem havido muita preocupação e tensão sobre os patinetes, mas estes resultados foram surpreendentes”, disse Hidalgo em uma coletiva de imprensa no final do domingo.

Hidalgo acrescentou que a cidade vai procurar submeter uma pergunta para referendo aos eleitores a cada primavera.

Casal anda de patinete elétrico do serviço de compartilhamento Lime, na véspera da votação pública sobre a proibição ou não do aluguel, em Paris. Foto: Sarah Meyssonnier / Reuters.

A votação faz de Paris a maior cidade do mundo a banir as operações com patinetes alugados

Em uma declaração conjunta, Lime, Dott e Tier disseram que “métodos de votação muito restritivos” levaram a uma baixa participação que se inclinou para os eleitores mais velhos. “Apenas um local de votação foi aberto em todos os distritos, em comparação com as dezenas de eleições municipais e gerais”. As empresas ofereceram caronas gratuitas no domingo e lançaram uma campanha com os influenciadores da TikTok, num esforço para incentivar os jovens a votar.

Patinetes elétricos Tier e Dott em Paris em 31 de março. Foto: Benjamin Girette / Bloomberg.

“O resultado desta votação terá um impacto direto nas viagens de 400.000 pessoas por mês, 71% das quais são residentes entre 18 e 35 anos”, disseram as operadoras. “É um passo atrás para o transporte sustentável em Paris antes dos Jogos Olímpicos de 2024”.

As empresas haviam afirmado que acolheriam a regulamentação como alternativa a uma proibição fixa. Desde que os patinetes chegaram a Paris pela primeira vez em 2018, as autoridades reduziram o número de operadores para três, criaram zonas de estacionamento e impuseram limites de velocidade. Lime, Dott e Tier também instalaram placas de sinalização e introduziram a verificação de idade no final do ano passado.

Essas medidas não conseguiram satisfazer muitos representantes locais, que viram os patinetes compartilhados como um incômodo e reclamaram dos condutores indisciplinados.

O governo nacional da França indicou que pretende reforçar a regulamentação das scooters compartilhadas. O Ministro dos Transportes Clément Beaune revelou um plano de ação dias antes da votação que estabeleceria uma idade mínima de 14 anos para os usuários e aumentaria as multas para os que dirigem com dois usuários a bordo para 135 euros ($147) de 35 euros ($38).

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Artigo publicado originalmente na Bloomberg Hyperdrive.

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